O discurso dos defensores de Bolsonaro é contraditório: eles criticam as ditaduras de esquerda ao redor do mundo, como Cuba, Venezuela e Nicarágua, mas passam um pano para o golpe de estado liderado por Bolsonaro.
Então a pergunta que surge é: eles querem uma ditadura de extrema-direita, mas comandada por Bolsonaro?
Isso é incongruente, mas evidencia que eles não são democratas. E as consequências disso são graves: um país com a representatividade do Brasil vivendo em pleno século 21 sob uma ditadura é absurdo. Certamente haveria oposição interna e externa, o que poderia resultar em uma guerra civil e milhares de mortes. É isso que os defensores de Bolsonaro desejam? Eles são tão acéfalos a ponto de desejar isso? Somente esse desejo pode explicar a falta de consciência da gravidade e do risco que o Brasil enfrentou. Se não fosse pelos militares da Aeronáutica e do Exército, poderíamos ter voltado a 1964. E é isso que Bolsonaro quer: ter o caminho livre para roubar sem a mídia ou qualquer outra pessoa para fiscalizar.
Um fenômeno semelhante pode ser observado nos EUA. A colunista da Folha, Lucia Guimarães, escreveu um belo texto intitulado "Comédia trumpista é parte integral do circo de crueldade que diverte seguidores do ex-presidente", no qual os seguidores de Trump parecem se deleitar com a humilhação de negros, minorias e imigrantes, chegando ao ponto de dizer que eles mancham o sangue da América. Com esse discurso xenofóbico e racista, o republicano tenta se eleger. E seu sósia mais patético no Brasil, Jair Bolsonaro, segue o mesmo caminho, com o agravante de que ele pretende exacerbar as quatros linhas para induzir um golpe de estado.