A descoberta dos vídeos de Pietra Bertolazzi no YouTube é mais uma evidência da minha tese de que o fenômeno do bolsonarismo fez emergir toda sorte de pessoas, as mais estranhas, para o debate público.
Em seus vídeos do YouTube, a maioria deles shorts, Pietra ataca constantemente as feministas e os direitos das mulheres, o homem moderno, a quem ela se refere como frouxo, e o estado laico.
Ela diz que eles (não se sabe quem exatamente), através do discurso do estado laico, conseguiram tirar Deus, e também já tiraram os monarcas, porque não há mais monarquias. Ela fala isso seriamente com tom crítico, e o último movimento “deles” é acabar com o pai de família, muito em função dos movimentos das feministas, que tentam desmasculinizar o homem e enaltecer a mulher, num movimento claro de destruir a família tradicional.
Ela afirma que hoje não existe NADA que a mulher não seja igual ao homem, que elas têm os mesmos direitos deles perante a lei. E termina dizendo que, baseadas na revolução sexual, elas querem na verdade um endosso moral para a libertinagem.
Ela vê no movimento feminista um mal que demonizou a maternidade, que diz que a mulher tem que ser independente, o que fez as feministas serem ressentidas, e que elas desestimulam o homem a ser macho, por isso eles viram pais de pets.
Ela também diz que o estereótipo de bom homem é aquele que, na guerra, daria a vida pela sua família, posição essa que não combina com quem faz a sobrancelha, usa coque samurai e pratica yoga.
Pelo pouco que vi, essa Pietra era uma pessoa do mundo, quer dizer, normal, que saía à noite para balada, beber, e tal, mas foi ideologizada pelo discurso reacionário da extrema direita e diz que ela se converteu e por isso as pessoas falam que ela endoidou.
Bom, eu pessoalmente não gosto muito de feministas. Acho que uma frase que resume o movimento é da pessoa que amo, que falou que para ela o feminismo era equivalente ao machismo. E eu não gosto muito dessa ideia de achar que o homem é inimigo em vez de aliado, a falta de depilação e de feminilidade, porque eu acho que com isso a mulher se masculiniza. Mas é inegável a importância do movimento feminista para a luta pela igualdade das mulheres, embora feminista não seja meu tipo de mulher.
Mas dai até um discurso reacionário de coach dessa Pietra, é a diferença existente que eu sempre falo entre conservadorismo e reacionarismo.
No entanto, eu acho que foi um nicho que a Pietra tomou para ser famosa na internet e ficar conhecida, visando se tornar uma influencer digital.
Outra nesse estilo é a Amanda Vetorazzo, que faz shorts criticando o governo Lula e que diz que, como ela não é feminista, ela pode se arrumar, cozinhar para o marido, cuidar da higiene, se sentir bem em vestidos, não se sentir acuada quando vê um homem, e tudo isso com imensa satisfação. Ela tentou se eleger deputada, mas felizmente não foi eleita.
O pior de tudo é que para produzir esses textos, eu tive que ver diversos shorts dessas duas, e agora o algoritmo deve achar que sou reaça e irá me encher de conteúdo retrógrado. Por isso, deixem um like neste texto.