Um Instante de Amor
Este texto não é exatamente uma resenha de filme, pois eu acabo contando-o inteiro. Na verdade, minha intenção é mais compartilhar minha experiência com quem amo, presumindo que ela irá me ler =(. Quem sabe, ela não se interesse em assistir algum dos filmes sobre os quais eu escrevo para se sentir mais perto de mim D: Sugeriria, então, ler o texto após assisti-lo, caso não queira receber um spoiler.
Dito isso, quero falar sobre o filme "Um instante de amor", estrelado pela excelente Marion Cotillard (que lembra a Natuza Nery, do Globo News, rs) no papel principal de Gabrielle, e com Louis Garrel também. Gabrielle é uma moça problemática, embora não se saiba exatamente qual é o seu problema. Digamos que ela tem uma pulsão de desejo mais exacerbada, para falar como Freud. Tampouco é uma ninfomaníaca, se é que isso de fato existe, porque ela sente desejo apenas por quem ama. O escolhido foi o professor dela de história do vilarejo em que mora. Ela interpreta erroneamente o gesto dele de emprestar um livro, escrevendo-lhe um texto erótico no qual ela se oferece a ele, mas utilizando palavras mais lascivas, digamos assim.
O rapaz, que é casado, rejeita-a, e ela fica ofendida e o agride durante uma festa. A moça sai correndo atrabalhoada com os moradores do vilarejo em sua perseguição, e só é localizada no dia seguinte, desacordada. Daí o que se segue são alguns atos libidinosos da parte dela, mostrando-se quase nua publicamente. Os pais dela, preocupados, cogitam interná-la numa clínica psiquiátrica, mas antes tentam a alternativa de arrumar um esposo para ela. A moça, para não acabar internada, opta por casar com esse marido arranjado, mesmo sem amá-lo, prometendo a ele que jamais dormiria com ele.
Mesmo assim, o cara prossegue com o casamento. Promessa essa que ela não cumpre porque, certa feita, ela ficou indignada quando o seu marido procurou as mulheres de vida “fácil”, e ela se oferece ela mesma para ser essa mulher, fantasiando-se de mulher da vida. Segue daí uma das relações sexuais mais frias que já vi na história do cinema. O resultado é que ela ficou grávida, mas, devido a um problema de pedras nos rins, perde o bebê. O médico oferece-lhe um tratamento caríssimo num sanatório, caso ela queira ter um filho novamente. A jovem fica reticente, mas o marido, que quer muito ter um filho, acaba convencendo-a. Chegando no sanatório, ela é submetida a diversos tratamentos. Lá ela conhece o personagem de Louis Garrel, que interpreta um veterano de guerra invalidado porque ficou doente.
Gabrielle começa a prestar auxílio em sua recuperação, e logo se apaixona por ele. Aqui começam meus spoilers mais fundamentais: a saúde do seu tenente piora consideravelmente, e ele vai se tratar em Lyon. Desesperada, Gabrielle sai correndo atrás do carro que o levaria e desmaia durante a perseguição. Depois de alguns dias desacordada, ela se restabelece e, para sua surpresa, o tenente retorna, dizendo que voltou por causa dela. Daí se segue um tórrido romance entre os dois, numa relação muito diferente da que Gabrielle estava acostumada. O tratamento dela finalmente acaba, e seu marido arranjado organiza o retorno dela para casa. Ela fica desesperada por ter que se separar do tenente, mas os dois fazem planos de ficar juntos no futuro, quando a guerra terminar.
Gabrielle fica sabendo que está grávida e acredita que é do tenente, então decide prosseguir com a gravidez. Ela envia cartas para ele rotineiramente, mas, sem receber nenhuma resposta. O processo de espera dela parece se assemelhar ao de uma pessoa íntima que eu conheço, mas divago… As cartas dela retornam, e ela jamais recebe resposta. Com o passar dos anos, seu filho cresce, torna-se pianista e é convidado para se apresentar em Lyon. Chegando lá, ela encontra o endereço do chinês que era ajudante do tenente e pede por notícias dele. Aqui acontece o verdadeiro plot twist, pois o chinês revela que o tenente morreu no dia em que foi se tratar em Lyon.
Gabrielle, portanto, descobre que os instantes de amor que viveu com o tenente foram apenas fruto da sua imaginação. Contudo, durante o período de espera, ela percebeu que não era completamente infeliz com seu marido arranjado, um homem circunspecto e bom pai. No final do filme, ela aceita isso, assim como ele, que desde o começo sabia que o romance dela com o tenente era fictício, mas omitiu para não fazê-la sofrer.
O filme me fez refletir sobre a importância de se viver intensamente o momento e desfrutar da nossa saúde física e mental. E Marion Cotillard entrega uma grande atuação na pele de Gabrielle, nessa película que apreciei bastante.
DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 29/12/2023
Alterado em 29/12/2023