J. mostrara-se decepcionado. Ressentia-se de que uma bela nipônica, com quem vinha se correspondendo havia dias pelas redes sociais, repentinamente parara de lhe demonstrar interesse, ao ponto de não mais procurá-lo para conversar. Na opinião de J., o que resultou essa falta de interesse foi ela ter desconfiado de que ele não dispunha de emprego fixo, desta forma, não entrava dinheiro em sua vida, senão por intermédio de seus pais -apesar dele ser ph.d em física nuclear pela usp, apenas escrevia artigos científicos, obtendo, como remuneração, nada mais que prestígio e a oportunidade de receber uma bolsa paga futuramente. Contanto, a charmosa japonesa mostrou-se insensível aos atributos acadêmicos de J..
Escutando isso, só pude dizer a J. que a japonesa estava exercendo seu total direito, e que esse era um comportamento até previsto e natural; uma vez que, segundo ele, ela era muito auto suficiente, tinha empresa própria, e era mais que dona de seu próprio nariz; contanto, para reanimá-lo, relembrei a ele o meu caso em especial, dizendo-lhe que o dele só seria ANORMAL, caso ela tivesse esse comportamento de arrefecimento com ele,  mas arrumasse um jeito de espioná-lo através de suas vizinhas (parasitas), inquirindo até sobre os dias em que ele dormiu em casa ou não, pois fora exatamente o que havia se sucedido comigo.  Ao ouvir isso, J. apenas concordou com um leve aceno da cabeça e, desde então, a japonesa só lhe causa uma breve reminiscência em solidariedade comigo, do quanto nossos casos são similares, mas, ao mesmo tempo, muito distintos. Ficamos quietos por algum tempo só quebrado pela fala de J. -“mas por quê, cara? Com que propósito alguém agiria dessa forma, e justo com você?” “E ela diz te amar?”
E, posta essa questão, a ilusão com a japonesa “ascendeu às regiões das montanhas geladas e se perdeu para nunca mais”.