"Preso num laço
Prazer num abraço"

A propósito do que um homem deve procurar numa mulher com a qual deseja ter um relacionamento sério a longo prazo, Nietzsche escreveu o seguinte aforismo:

“O homem deve se colocar a seguinte pergunta: você acredita que gostará de conversar com esta mulher até na velhice? Tudo o mais no casamento é transitório, mas a maior parte do tempo é dedicada à conversa.”

Concordo parcialmente com o histriônico filósofo; sem dúvidas a conversa exerce um papel fundamental, mas, para mim, o que tem mais importância é o abraço.

Na minha modesta opinião, parafraseando o aforismo, o homem deve se perguntar: você acredita que sentirá prazer ao abraçar esta mulher até na velhice; e, através dele, sentir o mesmo prazer como se a tivesse abraçando pela primeira vez, quando era jovem?

Porque o prazer de um abraço subsiste a tudo, até mesmo a deterioração inerente ao tempo, da aparência e do corpo; serve tanto para os momentos de maior felicidade, quanto aos de tristeza e reconforto – ele é capaz ainda de resumir todos nossos sentimentos, dos mais complexos aos mais simples, sendo mais eloquente até mesmo do que a nossa melhor linguagem, pois exprime o que os recursos da gramática jamais seriam capazes de comunicar, com suas miríades de símbolos e signos, que os menos afortunados não conseguem alcançar; já o abraço, é mais democrático: todos podem tê-lo e distribuí-lo; basta ter boa vontade e estar aberto a receber o mais bonito dos afetos: o prazer de um abraço.