O crime que merece prisão de Lins não é a piada, mas não ser engraçado sendo comediante. Por esse crime, não só anos, mas perpétua. É o principal crime para quem ousa se intitular comediante.
Ora, há tantos anos existe a comédia, que surgiu na Grécia junto com a tragédia. Aristófanes satirizando Sócrates em As Nuvens. Humor fino, que ofende com finesse, mas o faz mirando os poderosos. Esse é o papel da comédia: fazer rir e satirizar os que estão no alto, não os mais fracos. Isso que o senhor Leo Lins faz — ou melhor, tenta fazer — é covardia.
Covardia não é fugir dos fortes: é fingir coragem contra os vulneráveis. E foi assim que Lins construiu sua carreira medíocre, sob o pretexto de “humor negro”. Mas no fim, o que se vê é piada de microcefalia, pobres, negros, aleijados. Sempre mirando quem está abaixo. Sempre chutando quem já está no chão. Isso não é coragem. Isso é canalhice.
Cadê, Lins, a piada contra político? Contra banqueiro? Contra militar? Contra juiz? Contra o dono do palco que te paga? Você só acha graça — e só se acha corajoso — quando aponta pra quem não pode responder. Isso não é comédia. Isso é covardia travestida de cinismo. E, além de tudo, você não é engraçado.
A verdadeira sátira, pra mim, foi feita por Hermes e Renato. O saudoso Fausto Fanti, interpretando Dudu Marchonni — o “Deus do Stand-Up” — fazia piadas do tio do pavê, com trocadilhos grotescos que matavam de rir (literalmente). Essa é a única sátira válida do stand-up: rir do próprio formato, porque ele não tem graça. É um gênero morto de nascença, e Lins é o cadáver que se mexe.
Leo Lins, dentro do mundo dos sem-graça, é o mais proeminente. E, além disso, carece de caráter. E se isso não bastasse: é criminoso. Não pelo que disse. Mas por tudo o que representa. Por zombar dos que não têm voz, e se esconder atrás de um riso frouxo e uma ironia sem brilho.