Se você precisa de motivação pra fazer algo, inevitavelmente você vai acabar usando drogas.
É coisa de drogado essa busca por prazeres fáceis, imediatos.
O contentamento — no sentido espinosiano — não é uma alegria localizada. É algo que eleva o corpo inteiro.
É resultado de tempo, planejamento e consistência.
Essa tal ética dos drogados em recuperação, que dizem “só por hoje”, me parece um pretexto disfarçado.
Uma desculpa pronta para a recaída — muito semelhante à de quem treina olhando o relógio, mal esperando a hora de acabar.
O “só por hoje” é um mantra de cansaço, de quem sobreviveu apesar do dia.
Não de quem entregou o seu melhor.
Esses que precisam de motivação constante são os que precisam de treinador.
São os fracos.
Se você não tem força de vontade por si próprio pra repetir as mesmas coisas diariamente,
você contrata alguém pra te emprestar essa resiliência — nem que seja com um chicote no lombo.
Ou, no mínimo, aprende a conquistá-la.
É igual quem não sabe estudar sozinho e vai pra faculdade.
Mas acabam só reproduzindo fórmulas medíocres, porque não aprenderam o essencial: aprender a aprender.
O caso mais gritante é o de uma certa autora, cabeça de Paraíba, que sequer domina a gramática e quer filosofar.
Atropela a carruagem com os bois — símbolo da mediocracia que reina em nossas universidades.
Assim como aprendi a estudar por conta própria, estou aprendendo a treinar por conta própria.
E, veja só: é mais simples do que parece — e o processo é tão prazeroso quanto.
Há muitos mitos a desmentir nessa construção de si.
O que chama atenção na beleza não é o tamanho, e sim a informação visual que você transmite pela aparência.
Como toda estética, isso mexe com os sentidos.
A simetria, a silhueta fina, o abdômen definido — tudo isso comunica ética, disciplina, consistência e tempo.
Já o volume exagerado, quando mal equilibrado, só amplifica a feiura.
Se você é feio, será um feio mais evidente. Uma monstruosidade desarmônica.
Esses erram pela hybris, a desmesura: o pecado grego da violação da natureza.
A estética clássica valorizava proporção, simetria, harmonia — tudo que esses corpos inflados rejeitam.
A desarmonia era o maior crime contra o cosmos.
O feio monstruoso, por mais “musculoso”, continua sendo só isso: feio e monstruoso.
Uma informação que me deixou perplexo: alguns fisiculturistas chegam a perder gordura até na sola dos pés.
Não conseguem nem ficar em pé por muito tempo.
Me lembrei da Pequena Sereia de Hans Christian Andersen.
Não a versão fofinha da Disney, mas o conto sombrio original.
Pra viver no mundo do príncipe e ter pernas humanas, ela troca sua cauda.
Cada passo é como andar sobre cacos de vidro — e ela sangra.
Perde a voz. E o desfecho, trágico como uma tragédia grega, eu não vou contar.
Que isso te instigue a buscar o conto original.
Veja bem: quem acompanha meus looks já percebe a entrada nos oblíquos.
Esse “V” marcado que indica força localizada e baixo percentual de gordura.
Curiosamente, meu shape, com ombros largos e cintura fina, também forma um “V”.
Seguindo os padrões de simetria, é o biotipo mais desejado e que mais chama atenção.
E é esse o caminho para a definição do abdômen, que também desenha um “V” —
mas esse é de vitória e vingança ao recalque das minhas inimigas.