Meu Pai, dê-me uma casa, um carro e um novo smartphone… mas conceda-me também a liberdade.
Como podem os escravos do diabo cheirar seu osso pelo nariz, por um sentimento falso de energia momentânea, de força, confiança, prazer?
Mas é tão falso quanto o contrato do Chapolin. Dura apenas alguns instantes. E quando o efeito passa, sua energia cai drasticamente — sem contar os efeitos adversos.
Eu mesmo não gostava de cocaína. Só gostava do cheiro dela.
Por isso, cheirava toda hora.
Mas hoje adquiri a bruxaria — talvez magia branca, Wicca —
sem querer ser pagão, numa oração.
Consegui ter mais energia, mais disposição, mais confiança
simplesmente pela minha elegância, conteúdo e, principalmente,
pelo preparo físico.
Sinto muito mais dopamina, energia, confiança e força
do que o arremedo proporcionado pelos entorpecentes.
E sem o efeito da fraqueza e o peso na consciência.
Claro que a diminuição de energia é natural,
mas ela deve vir do cansaço, do esforço, organicamente.
A média de energia, no entanto, continua expansiva.
A atividade física dá prazer de diversas formas —
diretamente, pela aparência;
indiretamente, pelas coisas que se consegue com ela.
Como pude atestar hoje — talvez isso vire crônica —
mas aqui é momento de oração,
e o que eu descreveria seria heresia.
Eu cuido de mim,
mas aceito de bom grado os frutos que caem maduros para eu colher.
O preparo físico expande inclusive a capacidade de dar prazer —
para si, e principalmente para a outra.
Essa bênção de amar uma pessoa mais do que tudo:
meu conteúdo, minha elegância,
meu corpo, minha capacidade de dar prazer…
Porém, mesmo que ela vá embora,
se case ou prefira outro em meu detrimento,
não vai mudar nada na minha vida,
nem no meu projeto de felicidade.
E quanto à sua bênção?
Afirmo, com certeza: quem irá perder mais será ela.
Amém.