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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O Baixo Nível da Crítica de Cinema Brasileira



O RECANTO DA LETRAS, ORGULHOSAMENTE, APRESENTA:



Paixões que marcam a carne

O homem se define basicamente por suas paixões. Porque a paixão é a chama que o move — da amorosa à destinada aos seus prazeres. Como se diz em O Segredo dos Seus Olhos, “o homem pode esconder tudo, menos as suas paixões”.

 

Na minha vida, elas se manifestaram desde tenra idade. Eu destacaria, nessa ordem: videogames, futebol, música, cinema, livros, literatura, filosofia e coisas do conhecimento. Porém, de todas, a que decidi marcar no corpo — porque ela une todas as outras, de certa forma — é o cinema. Tenho uma película cinematográfica em forma de bracelete tatuada. Então, de todas, é a que tenho maior responsabilidade de conhecer. E, de fato, é a que melhor conheço.

 

Ah, se todos tivessem essa relação de responsabilidade com o que tatuam… e amor às suas paixões. Às vezes, nem mesmo com o filho ou com o amor — quando tatuam o nome ou as iniciais de alguém — eles têm a mesma paixão que eu por algo tão “inútil” como o cinema.

 


 

Da surpresa ao discernimento

No meu processo de aprendizado sobre cinema, eu lia críticas, literaturas, notícias… Hoje não faço mais isso. Uma, para ser surpreendido. Outra, porque hoje eu prefiro confiar mais no meu próprio discernimento.

 

Alguns críticos acompanho a posteriori, porque suas opiniões são relevantes — como André Barcinski. Outros, não faço a mínima questão de acompanhar. E como é um assunto ligado até ao entretenimento, é incrível como todo mundo acha que pode ter uma opinião. Por isso colocam até mesmo a Glória Pires para comentar o Oscar, e seu desconhecimento sobre o tema virou meme e chacota.

 


 

De youtubers a palhaços

E um comediante como Beto Ribeiro, ou o pessoal do Pipocando ligado ao mundo nerd, se vê falando do assunto. Mas, pra mim, cinema é coisa séria. É arte. A arte que reúne todas as outras.

 

Um bom filme é texto — portanto, literatura. É fotografia — por isso, pintura. Trilha sonora — música. Aborda temas humanos — portanto, sociologia, psicologia e filosofia. E por que não teatro, circo, comédia, tragédia? E sim, também entretenimento. É completa.

 


 

Técnica sem alma

Porém, os críticos — principalmente os brasileiros — têm um nível muito baixo. Não nego que tenham assistido mais filmes que eu, pela idade e pelo tempo livre. Porém, pecam na qualidade do texto, por falta de estilo e conhecimento literário. E falam de filme sem embasamento filosófico, psicológico, sem conhecimento geral. Aí, nenhuma análise, por mais técnica que seja, se sustenta.

 

Com todo respeito à Isabela ou outros, mas tanto é que hoje eles falam em vídeo — porque o texto não é seu forte.

 


 

Da França, o verdadeiro berço

Muito diferente da revista de crítica de cinema mais influente e famosa de todos os tempos: Cahiers du Cinéma, da França. Idealizada por André Bazin. E quando lemos um de seus livros, com artigos publicados na revista, vemos a diferença intelectual, técnica, de conhecimento e literária — com um texto sofisticado e até inacessível para alguns, porém sem ser acadêmico demais. Afinal, era uma revista.

 

Apesar disso, foi muito criticada pelo pedantismo da linguagem. No documentário da Nouvelle Vague, há entrevistas de pessoas dizendo que ninguém entende aquilo, que é preciso de um dicionário. Então, a revista atingiu seu propósito.

 

Não por acaso, foi de lá que surgiu intelectualmente os responsáveis pela Nouvelle Vague: Truffaut (pupilo de Bazin), Godard, Rivette, Chabrol, entre outros. E, posteriormente, seus discípulos, como Assayas, décadas depois. Todos, inicialmente, eram críticos da revista — e autodidatas.

 


 

Filmes são humanos

Hoje, os únicos que gosto de escutar falando sobre cinema são pessoas que não são ligadas à área de formação, mas sim intelectuais do conhecimento. E que melhor falam sobre o assunto, como Christian Dunker e Flávio Ricardo Vassoler. Porque eles analisam o fato humano — intelectualmente.

 

A análise de um filme vai muito além de planos-sequência, travelings, contraplonges e outras verborragias técnicas.

 



DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 12/05/2025
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