SOU CONTRA O FEMINISMO. Mais do que isso: sou contra as que se dizem “femininas, não feministas”. Essas me irritam ainda mais. São reacionárias, gostam de apanhar e ainda cozinham para o marido — o tal homem trabalhador, bom, honesto e de família. De várias famílias, diga-se. Porque costuma ser infiel, votar no Bolsonaro, ir à igreja para manter as aparências, frequentar zonas ou pedir para as mulheres usarem cintaralhos. E quando não vai direto ao âmago da questão, já procura travestis para satisfazer prazeres recônditos e profundos — se é que me entendem.
Não confundam: ser contra o feminismo não é ser contra as mulheres e seus direitos. Pelo contrário.
A arte, a poesia, a cultura — tudo isso é feminino. Como disse Picasso, o artista é mulher. E todo artista só o é de fato quando traz em si uma ambiguidade, uma androginia sensível ao belo, à delicadeza, à estética — qualidades tipicamente femininas. Não à toa essas palavras são, todas, substantivos femininos.
Para mim, o feminismo é tão absurdo quanto o machismo. Ambos partem de pressupostos violentos, simplificadores. E muitas feministas, no fundo, gostam mais de outras mulheres do que de homens. Procuram não o consentimento, mas o conflito. E o conflito, nesse caso, é reativo — não criador.
O coletivo? Expressão de rebanho. Nada grandioso emerge do coletivo. Só guerras. Toda criação autêntica é individual: é quando o artista, o criador, absorve as referências do coletivo e as transforma numa expressão nova, original.
É assim que a mulher deve dar o exemplo: sendo uma mulher extraordinária. Criando. Sendo inspiração. Vencendo no meio de uma sociedade patriarcal — explodindo o sistema por dentro.
Toda revolução é criativa e individual. Não destrutiva. O martelo, que sirva para quebrar tradições e criar novas tendências. Veja a Nouvelle Vague, que triunfou sobre o cinema clássico francês, revolucionou o Festival de Cannes, e influenciou toda a Nova Hollywood e o cinema posterior.
Muitas mulheres, ao criticarem os homens com voracidade, acabam se masculinizando — e se tornam ruins de cama. O sexo, espaço de conciliação, vira campo de batalha. O feminismo deturpa o flerte, o romance, o cavalheirismo. Quer inverter tudo.
Basta ver a garota que, num comentário espirituoso meu, me chamou de assediador — sem nenhum embasamento. O que ela faz pelas mulheres? Nada. Não produz, não cria, só ressente. É fruto de sua própria alienação e preconceito.
Enquanto isso, eu — com todo respeito — faço arte. Produzo conteúdo. Cultivo a mim mesmo como uma obra de arte. E essa é a única influência real e positiva: a criação que inspira os outros.
Não se trata de ressentimento, mas de expressão. Não se trata de chamar alguém de assediador porque talvez o galanteio não tenha sido direcionado a ela. Esse tipo de feminismo, pouco lido e profundamente reativo, é um desserviço aos direitos das mulheres. Em vez de construir, afasta.
A vulgaridade está em quem não reconhece um elogio sincero, inventivo — mas interage com banalidades. Os medíocres se entendem. E são muitos.
Nos ares das montanhas, eles se resfriam em nossas alturas. Kafka, Clarice e Pessoa se reviram no túmulo ao saber que tipo de gente se tornou fã deles.