× Capa Textos Áudios Fotos Perfil Livro de Visitas Contato
DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

A bizarra moda dos pastores evangélicos


Roupa social não é sinônimo de elegância

Engana-se redondamente quem pensa que, para se vestir bem, basta usar roupa social. Basta observar a moda bizarra dos pastores evangélicos, que parecem combinar suas roupas talvez com o único objetivo de causar repulsa e incômodo aos olhos.

 

Principalmente nas vertentes mais dogmáticas, quanto mais rígido é o evangélico, pior seu gosto para se vestir — tanto em homens quanto em mulheres.

 


 

Mulheres de saião, homens de terno de defunto

Há aquelas mulheres com vestidos que mais parecem capas e cabelões longos que escorrem pelas costas como se estivessem em permanente penitência estética. Uma combinação esdrúxula que atenta contra a moda e os bons costumes — e, ao mesmo tempo, entrega uma mensagem profunda: eles já desistiram da vida real.

 

Desistiram do agora. Do presente. Apostam todas as fichas no mundo supraterreno, no paraíso prometido. Tomara que lá não se usem saias pesadas ou vestidos sem corte, e que os homens não precisem vestir ternos maiores que o corpo de um defunto.

 


 

Um desfile de poluição visual

A paleta de cores deles é escolhida a dedo para causar desconforto. Parece uma aplicação estética da técnica do Teatro do Absurdo — aquele que busca incomodar pelas sensações. Um ruído visual constante. Uma poluição muito mais agressiva que os antigos banners publicitários proibidos em São Paulo.

 

Desfilam suas camisas verde-musgo com calça laranja, colete desbotado, camisa laranja com listras marrons, verde fluorescente com amarelo. A criatividade para atentar contra a moda parece infinita. Não conhecem limites. Talvez nem a vergonha.

 


 

Bolsonarismo estético: a nova liturgia da intolerância

Mas há algo que, curiosamente, merece ser notado — ou, quem sabe, até elogiado: o figurino denuncia o pensamento. A forma encarquilhada de se vestir revela a rigidez do pensamento acanhado e intolerante que os guia. Não é à toa que muitos deles se alinham com o bolsonarismo.

 

Uma estética da dissimulação e da violência simbólica. Gritam por Deus, pátria e família — mas, no fundo, clamam por um Estado policialesco, por uma teocracia ressentida, por um ódio travestido de virtude.

 

Vestem-se como salvadores, pregam como mártires, comportam-se como inquisidores. Acham-se os bons e justos, os predestinados à salvação. Assim como o próprio Jair se via como o Messias.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 16/04/2025
Alterado em 16/04/2025
Comentários