Essas três raças eu abomino, mas nem por elas desejaria a pena de morte ou flagelo físico. Que fiquem na cadeia e sejam privados de sua liberdade — até que se arrependam com o tempo, internalizem sua culpa e punição, e estejam aptos a voltar para a sociedade. Ninguém está condenado a ser o que nasceu, salvo algumas doenças genéticas e patológicas. Desvios de comportamento adquiridos e absorvidos socialmente podem ser restaurados através da educação.
Quem conhece o sofrimento e se transforma, merece ser restituído à sociedade. Acredito na absolvição dos nossos pecados, como Cristo. Perdoar é divino. Mas algumas pessoas são incorrigíveis, personificações do mal, que devem apodrecer nas grades — ainda assim, não tenho o poder de desejar a morte para nenhum ser vivo. Aliás, às vezes, a morte é um benefício para eles, não uma punição.
É notório que existem presos injustiçados. Conheci o sofrimento de perto ao ser transferido para uma instituição que pretende reformar o homem. Por isso, me identifico com Oscar Wilde — preso pelo crime de transgredir a sociedade e por pederastia numa Inglaterra conservadora (embora ele fosse irlandês, britânico, portanto).
Ele escreveu, no tempo livre da cadeia, em papel chulo e simples, a caneta, De Profundis — uma carta cheia de melancolia e tristeza, relatando sua rotina trancafiado. Um dândi burguês que encontrou o abismo: teve que lavar sua própria cela, trabalhar na prisão, dormir num cubículo, ter os dejetos num buraco. Enquanto seu amante, a quem se dirigiu, seguia livre — e era casado.
Ou Dostoiévski, que teve sua pena de morte comutada pelo czar na última hora e foi condenado à Sibéria. Três gênios que conheceram a dor e o sofrimento e buscaram transformar isso em arte, em criação — não em ressentimento.
Odeio pedófilos porque atentam contra o bem mais sagrado da pós-modernidade: as crianças. Até Deus condena quem deturpa essas criancinhas. Esse é o crime mais hediondo — a exploração sexual, a produção de imagens e o abuso de menores.
Não falo da beleza em garotas eternizadas por Nabokov em Lolita, naquela idade em que a beleza é imaculada, e desabrocha na puberdade — quando a maçã do rosto é florida, rosada e vermelha, cuja inocência e pudor são tão belos. Uma coisa é achar bonito e admirar a inocência floril e primaveril dos amores indescobertos e ansiosos dessa idade — contemplar voyeuristicamente. Outra coisa é violá-la, abusá-la à força, menores que nem menstruaram ainda, inaptas para a reprodução e a atividade sexual.
Esses merecem ser punidos severamente e sofrer as agruras do confinamento.
Apesar disso, o perdão é divino. Como no chatíssimo livro A Cabana, que já li, onde o homem perdoa até um pedófilo que executou e abusou da sua filha. Por isso, Cristo derramou o sangue — para absorver o pecado até desses elementos asquerosos. A ideia de que eles possam se restituir e até merecer perdão, se se arrependerem de coração e mostrarem isso com suas ações, não impede de odiá-los. Eles são vis, nojentos, asquerosos — elementos que nem podem ser chamados de seres humanos.
Agora, uma raça logo após aos pedófilos é o bandido. O bandido de quebrada, do trabalho, que furta objetos de quem deu duro para sair, trabalhar, comprar e dar a si mesmo algum conforto.
Não estou falando do ladrão de banco, nem mesmo do traficante que explora e até controla o crime na comunidade e atua sobre uma fraqueza humana. Falo do marginal que rouba o pobre igual a ele, para vender por drogas sem mudar de vida, alimentando a indústria da morte — muitas vezes seguido de latrocínio.
Recentemente, tive meu case de fone de ouvido furtado. O vagabundo que roubou não sabe que uso a música para meditar, ler, treinar, abafar o som do transporte público, pelo prazer sonoro — e agora me sinto nu sem meus fones. E para quê ele usará? Talvez para escutar funk nojento, apologia às drogas, promiscuidade. Sempre ouvindo as mesmas 20 músicas escolhidas por um algoritmo. Ou então venderá por drogas para outro elemento tão vil quanto ele.
Enquanto só no meu celular tenho mais de 3.000 músicas armazenadas, fora as playlists do Spotify, esse vagabundo ficou com meu case. Agora terei que gastar 200 reais para substituir, pois não consigo recarregar os fones. Isso é a personificação da ojeriza que tenho ao bandido.
Estou prestes a adquirir um iPhone 16 Pro Max — tela grande, bateria, o suprassumo da tecnologia. O seguro é o preço de outro celular, então não colocarei. Usarei meu celular antigo no dia a dia, e o novo apenas em ambientes seguros. Mesmo assim, camuflado em um ardil que já planejei. Tudo isso porque não temos segurança para usar, com liberdade, um aparelho que é nosso. Por isso, odeio essa raça. Enquanto trabalho e luto para adquirir um bem com suor e esforço, esses vagabundos roubam para sustentar um vício ou ostentar — enquanto eu só quero me entreter, criar conteúdo cultural e socializar.
E, por último: corinthianos. Tem em todo lugar — como pombo, barata ou brasileiro em Orlando. Quanto mais fanático, mais eu odeio. Mas gosto da rivalidade, gosto de ser zoado, faz parte do futebol.
E embora eu mude de calçada se vejo um, gosto que eles existam — a não ser que sejam bandidos (como comumente são) ou pedófilos . E alguns são os três: bandidos, pedófilos e corinthianos. Esses merecem punição eterna. Mas, só o fato de ser as três coisas numa só pessoa já é uma punição significativa.