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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O Lollapalooza Virou Evento de FAROFEIRO

O que aconteceu com o Lollapalooza? De um festival idealizado por Perry Farrell para ser underground, nascido da turnê de despedida do Jane’s Addiction, da qual ele é vocalista, em 1991—o ano em que eu nasci—ele se tornou algo bem diferente. A ideia sempre foi realizá-lo em um local aberto, cercado por prédios, como acontece em São Paulo.

 

Nos primeiros anos, o festival itinerante ajudou a popularizar bandas como Pearl Jam, Soundgarden, Nine Inch Nails e Rage Against the Machine, sendo um dos grandes impulsionadores do grunge e do rock alternativo nos anos 90.

 

Em 2003, Farrell tentou reviver o Lolla, mas a turnê foi cancelada por baixa venda de ingressos. O renascimento real veio em 2005, quando o festival foi reformulado em evento fixo, acontecendo anualmente no Grant Park, em Chicago. A partir daí, expandiu seu alcance para além do rock, incorporando pop, EDM, indie e rap, trazendo nomes como Kanye West, Daft Punk, Lady Gaga e The Weeknd.

 

E hoje? O evento ficou tão pop que a música virou segundo plano. As pessoas vão mais para tirar selfies e andar de tirolesa do que para ver os shows.

 

Não tenho nenhuma vontade de comparecer a um evento assim. Até porque as bandas que eu gostaria de assistir não combinam com palcos grandes e festivais lotados. Sinceramente, eu corro de muvuca. Gostaria de ver esses artistas em um palco menor, como era o mítico Olímpia em São Paulo, que já recebeu shows para 30 mil pessoas em um espaço fechado, com apresentações históricas de Depeche Mode e The Chemical Brothers.

 

E, sendo bem sincero, as bandas que eu gosto não entregam tanto ao vivo. Strokes e Arctic Monkeys são bem mais ou menos no palco. Já New Order e Pixies estão velhos demais para festivais.

 

Ainda existem boas bandas ao vivo, mas para palcos menores, como Tame Impala, Queens of the Stone Age, The Hives e Franz Ferdinand. Mas, em um festival como o Lolla, a multidão me afastaria.

 

O que eu gostaria mesmo? Assistir a um show surpresa dos Stones Roses para poucos fãs convidados ou simplesmente ver um ensaio ao vivo de uma banda que eu gosto.

 

Sinceramente, não tenho vontade de assistir a nenhum show ao vivo. Mas gostaria de ver DJs discotecando em uma boa casa de shows, como Vitalic, MSTRKRFT, Justice e Daft Punk.

 

Hoje, com a banalização de um festival que já foi underground, criado para promover bandas independentes e impulsionar o grunge, o Lollapalooza virou um reduto de farofeiros e posers—ou até os dois juntos. Talvez ainda existam festivais bons, como o Coachella, que felizmente não tem edição no Brasil (para o bem do próprio festival) e o Austin City Limits, no Texas.

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 26/03/2025
Alterado em 26/03/2025
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