Dia de Cão é um excelente filme de Sidney Lumet, baseado em fatos reais, com Al Pacino interpretando um criminoso que, ao tentar roubar um banco, tem um verdadeiro “dia de cão”. Uma comédia de erros, onde tudo dá errado. Sendo pioneiro no gênero e em thrillers, o filme, assim como Doze Homens e Uma Sentença, é brilhante. Ambos se passam basicamente em um único cenário: o banco.
“Dog Days Are Over” é uma linda música que contrasta a letra triste com o ritmo alegre, de Florence and the Machine. Sua tradução é “os dias de cão acabaram”. Aliás, essa é uma das poucas músicas dessas bandas que fazem um único hit bom, enquanto o resto acaba sendo esquecido.
Na adição, todo dia era um dia de cão para mim, um “dia da marmota”, igual ao Feitiço do Tempo. Só que em minha rotina, havia um eterno retorno destrutivo, niilista, sem objetivo. Talvez a rotina de se entorpecer se confunda até com felicidade e prazer, mas é um prazer contra o que Epicuro preconiza em seu hedonismo saudável: os prazeres não devem trazer prejuízo para o corpo nem para a alma. Ou seja, era o oposto do que a cocaína oferece. É como uma dose de dopamina, igual ao “soma”, a droga da felicidade de Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley.
Eu vivia para aquilo, era minha rotina logo de manhã. E, pior que isso, o efeito não é nada do que se imaginava, é o contrário, uma ilusão. Eu sou alérgico, e ela traz uma satisfação de minutos, mas diminui sua energia vital, e os efeitos contrários duram horas, acarretando consequências para a vida toda.
A droga não traz evolução, só estagnação. É completamente oposto do que eu acreditava. Eu teoricamente tinha todo embasamento cultural e filosófico para viver bem, mas a rotina destrutiva me impedia. Ou seja, eu era hipócrita, acreditando em uma coisa e vivendo o oposto.
Não acredito no poder da disciplina como internalização de regras externas impostas por instituições, mas sim na força de vontade e no poder de construir bons hábitos — hábitos saudáveis que favorecem sua energia vital, a vontade e a potência.
Esse pensamento tem consonância com os conceitos aristotélicos de dynamis e energia. Dynamis é a potência, o potencial do ser humano de evoluir, sua capacidade e talento inerentes. Mas para que a dynamis aconteça, ela tem que virar energia, ou seja, o ato, a ação, para que o potencial se realize, e o ser humano chegue ao objetivo. Isso vem com os bons hábitos e com a força de vontade, que permite a atualização dessa potência.
Esse conceito aristotélico se conecta com a ideia de virtù de Maquiavel, que se refere à competência do ser humano, sua potencialidade. Mas ter virtù é saber usá-la a favor de si mesmo, contra o que Maquiavel chama de fortuna — ou acaso, ou sorte. Ter virtù é a capacidade de se moldar ao acaso, o talento para enfrentá-lo a fim de alcançar poder, como ele ensina em O Príncipe.
Mesmo que a sorte ou fortuna seja desfavorável, a virtù faz com que você se saia bem, mesmo diante das circunstâncias e das chances desfavoráveis. É a competência de lidar com o devir. Dizem que sorte é quando o talento encontra a oportunidade, ou seja, é virtù.
Estou, então, construindo bons hábitos na minha rotina: exercício físico de segunda a segunda, alimentação o mais saudável possível. Ontem, parei de beber, até mesmo refrigerante zero. Eu, que só conseguia fazer refeições bebendo algo, agora estou só na água. Para quem teve resiliência para parar de cheirar, ficar sem tomar refrigerante, comer porcaria e doces não é nada.
Também comecei a meditar pela manhã e farei isso diariamente, com consistência, que é a chave do êxito. E retomei meu tratamento preventivo com Minoxidil, duas vezes ao dia, para combater a queda de cabelo, já que tenho tendência genética. Também apliquei na parte falhada da barba para que cresça por completo, transformando meu visual, às vezes com uma barba cheia.
Com esses hábitos saudáveis e a rotina, quero transformar minha dynamis — minha potência — em ato, em ação. Para exercer e efetuar minha potencialidade, não desperdiçá-la e, assim, controlar até o acaso, não deixar a vida me levar, mas me antecipar a ela.
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