Não acredito no autor que se diz talentoso numa plataforma de nicho como o Recanto das Letras, mas permanece anônimo, com escritos tão intocáveis e obscuros quanto ele mesmo.
O talento se impõe, se mostra, se exibe.
É claro que, em todas as épocas, houve artistas que não foram reconhecidos em vida—Nietzsche, Van Gogh, Kafka—mas eles nunca deixaram de provar seu valor. O anonimato deles foi um sinal de seu tempo. Há homens extemporâneos, que nascem fora de sua época, já destinados a serem póstumos, mas a História trata de reconhecê-los.
Não é o caso do escritor que não é lido no Recanto. Ele só é ruim mesmo.
Também existem aqueles sem talento, que se tornam conhecidos não pela qualidade, mas pela prática da bajulação—lotam a escrivaninha alheia com comentários vazios, sem sequer ler os textos. Fazem da escrita um jogo de troca: “Me leia que eu te leio.” Assim, acumulam mais comentários do que leituras, mas não pela força de sua obra.
Eu sigo outro caminho. Comento apenas quem admiro—uns três ou quatro por dia, às vezes nenhum. Comento mais a mim mesmo, respondendo e agradecendo quem se dispõe a ler e interagir, pois valorizo muito isso. Desde que seja uma contribuição real, não apenas uma tentativa de aparecer às custas da minha página.
Quando Jean-Luc Godard dirigiu O Desprezo, os produtores impuseram que Brigitte Bardot aparecesse nua para gerar repercussão. Ele aceitou, mas de um modo que coubesse na proposta do filme, sem abrir mão de sua qualidade artística e autoral. O resultado? Uma das cenas mais poéticas e belas da história do cinema.
É assim que ajo. Não abro mão da minha autoria, mas também busco ser lido—pela qualidade, não por polêmica vazia. Uso títulos provocativos, manchetes sensacionalistas e concisas, para chamar atenção, mas seriam ocos se o conteúdo não valesse a pena.
Fui pioneiro em utilizar o nome Recanto nos títulos para atrair leitores, e agora vejo muitos copiando. Copiem à vontade—mas não façam igual. Como crítico do Recanto, me tornei uma espécie de sociólogo das letras da plataforma. Colho frutos e também prejuízos por me posicionar assim, mas sempre dentro da minha proposta: não abrir mão da qualidade literária e do conteúdo.
E tenho talento e força para lidar com as consequências dessa escolha.
Quando digo que o talento se impõe, é porque já testei isso. Antes, minha página existia apenas para quem eu amava. Cada leitura era como um segredo, e eu sabia exatamente quem estava ali. Mas, no fim, a qualidade do que escrevo chamou tanta atenção que, hoje, qualquer um que entra no Recanto sabe quem é Dave le Dave.
E quem não lê, ou tem recalque e inveja, ou não comenta porque simplesmente não sabe o que dizer.
Os que me leem assiduamente têm bom gosto. E os que comentam, têm ainda mais meu respeito.
Para não dizer que só falo de mim, veja o caso da Sociofóbica. Eu a divulguei, e sua página explodiu em visualizações e comentários. Coincidência ou não, depois que a mencionei, seu alcance cresceu. Mas nada disso adiantaria se ela não tivesse talento próprio.
O talento dela se impôs.
Talvez eu tenha sido o primeiro a perceber e a divulgar. Como diz Nietzsche, “o povo não sabe reconhecer as coisas grandes sem que alguém as anuncie.” Se ela tivesse retribuído, teria sido legal. Mas minha recompensa é outra: saber que minha influência, invisível e indireta, fez alguém se sentir mais confiante e criativo.
Agora, o autor sem leitores continuará assim: desconhecido.
Já o talento se impõe. Mais cedo ou mais tarde, as pessoas descobrem.
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No episódio, falo sobre o Caso Vitória sob a ótica da filosofia, dialogando com Nietzsche e Platão, traçando paralelos com Dostoiévski—tudo isso em menos de 19 minutos.
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