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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

A Filha Helena e Sua Mãe de Beleza Deslumbrante

 

Para quem escutou o episódio 3 do Podcast Oficial do Recanto das Letras Não Oficial, apresentado por este humilde escriba, Dave Le Dave, já sabe que ontem eu atendi uma moça simpática, sorridente, de olhos claros como a água do mar de Búzios. E, para minha infelicidade, ela estava acompanhada por um sujeito que era o total contraste dela em aparência.

 

Apesar de também ter olhos claros e cabelos lisos e longos, ele era o típico galã feio—o bonito que deu errado no meio do caminho. Talvez Deus estivesse desenhando e, no meio do processo, se assustou com alguma coisa. O resultado? Um rabisco esquelético.

 

A mulher dele, pelo contrário, além de espirituosa e professora, tinha tatuagens bonitas e de bom gosto. Já as dele… desbotadas, sem graça, quase coisa de prisão.

 

Era impossível ela não notar o contraste entre o casal. Entre ele… e eu.

 

Meu porte físico atlético, minha elegância, minha beleza—versus aquele namorado esquelético, desprovido de qualquer harmonia estética.

 

Mas beleza não é tudo. O lado intelectual, por exemplo, não dá para ser avaliado à primeira vista. Nem o espiritual. Se fosse possível comparar… Se Zuckerberg finalmente levasse a cabo o projeto do Meta e da realidade aumentada, permitindo que víssemos um link direto para as redes sociais das pessoas que encontramos, ela veria. Ela perceberia o abismo intelectual, de elegância e stirpe entre mim e seu namorado esqualido.

 

Atendi a jovem com destreza e simpatia. Marquei seus exames e, quando ela já estava saindo, percebeu que tinha esquecido de pegar a guia de oftalmologia. Voltou para a sala do médico e, em seguida, retornou para mim.

 

Comentei que, dependendo da idade, costumam ter mais vagas disponíveis.

 

— E como você nasceu nos anos 2000…

 

Ela riu e retrucou:

 

— Tá dizendo que eu tô velha?

 

Sorri e disse:

 

— Se você tivesse nascido em outro século, talvez tivesse vaga. Mas, como nasceu neste… acho que só tem vaga para quem veio do século XIX.

 

Ela riu de novo.

 

E então, chegou o empata-foda do namorado.

 

No rastro do riso da jovem, ele entrou, trazendo uma criança linda, de uns dois anos.

 

Perguntei o nome.

 

— Helena.

 

— Com H mesmo ou com E?

 

A mãe confirmou:

 

— Com H.

 

Na hora, me veio à mente a história. Helena de Troia. Uma mulher de beleza tão rara que causou uma guerra entre gregos e troianos.

 

A vontade de contar a história ali, naquele instante, foi grande. Imaginem só:

 

Paris, príncipe troiano, era filho do rei Príamo e da rainha Hécuba. Mas, antes de seu nascimento, sua mãe teve um sonho profético. Os adivinhos interpretaram que, se ele crescesse em Troia, causaria uma grande guerra. Com medo da profecia, Príamo ordenou que o bebê fosse abandonado no Monte Ida.

 

Mas, em vez de morrer, Paris foi encontrado por pastores e criado como um deles, sem saber de sua origem real.

 

Anos depois, no Olimpo, três deusas disputavam o título de a mais bela: Afrodite, Atena e Hera. Zeus, sem querer tomar partido, escolheu um mortal para decidir: Paris, o pastor.

 

Cada deusa lhe prometeu algo em troca do voto. Hera ofereceu poder. Atena, sabedoria e vitória em todas as batalhas. Afrodite, o amor da mulher mais bela do mundo.

 

Paris escolheu Afrodite.

 

E assim, ganhou o dom de conquistar Helena, a mulher mais linda da Grécia. Pequeno detalhe: ela já era casada com Menelau, rei de Esparta. O rapto de Helena por Paris deu início a uma guerra que durou dez anos.

 

Ah, se eu tivesse contado essa história ali, naquele instante…

 

Ela, com certeza, teria se encantado ainda mais por mim. E teria percebido, de forma nítida, o contraste gritante entre este humilde escriba e atendente… e aquele homem horrendo e vulgar com quem estava casada.

 

E eu tenho certeza: para ela, a troca valeria a pena.

 

Talvez o que os una seja a filha, Helena. Assim como a outra Helena causou a destruição de Troia, essa pequena também destruiu a felicidade de uma mulher bonita e espirituosa, de uma beleza tão deslumbrante quanto a de sua mãe.

 

Quem quiser ver o que ela perdeu, pode conferir minha foto de hoje no link a seguir:


Look do Dia no Recanto: Se Eu Pudesse, Só Usava Gucci


E ouça o podcast do “causo”:


Podcast: Recanto das Letras - EP. 3: “Causos Reais

 

Link:🔗 https://www.recantodasletras.com.br/audios/mensagens/116125

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 19/03/2025
Alterado em 19/03/2025
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