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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

Quem é mulher e não me ama, é porque não me lê.

No dia em que a realidade aumentada atingir um nível em que, ao olhar para alguém na rua, seja possível ver instantaneamente o link para o perfil dessa pessoa nas redes sociais — com imagens catalogadas, descrições, textos e, claro, um acesso direto à minha página no Recanto das Letras — eu não passarei um único dia sem transar. A não ser que eu não queira.

 

Os olhares das jovens garotas

Do jeito que estamos hoje, só percebo olhares de transeuntes. Mas os mais evidentes vêm de jovens garotas em idade escolar. Minha reunião semanal de trabalho acontece justamente no horário de saída do Colégio Elite, e, em bando, as meninas não disfarçam. Ou talvez não saibam disfarçar. Riem entre si, cúmplices.

 

Não sei exatamente o que na minha aparência chama a atenção desse tipo de garota, nessa tenra idade, púbere e florescente com o hormônio desabrochando.

 

Talvez me enxerguem como alguém que não representa uma ameaça para elas. Meu porte não é intimidador, mas ao mesmo tempo é atlético e convidativo. Assim como François Truffaut se referia a Jean-Pierre Léaud, eu também tenho um lado infantil bem preservado, pueril e inocente, o que talvez as faça se sentirem à vontade para me observar e na minha presença.

 

Esse contraste entre a leveza da minha expressão e a presença da masculinidade e virilidade da minha barba, do meu físico esbelto e da minha elegância sóbria parece destoar dos outros rapazes da idade delas — vestidos de moletom, imberbes. Soma-se a isso a inexperiência delas, que ainda não aprenderam a disfarçar o olhar como fazem as mulheres maduras, as quais, com o tempo, adquirem o olhar oblíquo e dissimulado da Capitu. Esse olhar, sim, eu percebo na academia, por exemplo, enquanto treino.

 

Beleza sóbria, escrita sedutora

À primeira vista, minha aparência sugere saúde. Sou um moreno esbelto, de barba à Caravaggio, com uma elegância discreta — a maior forma de distinção. O que chama a atenção é a simplicidade e o detalhe. Mas eu não tenho aquela beleza clássica, grega, de colírio da Capricho. Nada demais.

 

Meus textos, porém, são belos. A beleza clássica, a representação de Apolo em forma literária, mas com meu toque dionisíaco. Esse equilíbrio entre as duas forças é o que Nietzsche chamaria de grande estilo.

 

Sou comum e singelo. Mas meus textos são fodas. Não sou sedutor. Mas minha linguagem e minha escrita, sim.

 

Se uma mulher ainda não se apaixonou por mim, é porque não conhece meus escritos, tem poucas letras para compreendê-los ou simplesmente está de recalque.

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 13/03/2025
Alterado em 13/03/2025
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