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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O Triste ‘Causo’ do Dentista sem Dinheiro pro Motel

 

Se não está fácil nem pro dentista pagar um motel, imagina pra mim…

 

Minhas inimiga dizem que eu escrevo compulsivamente, mas estou quietinho no meu canto, e vocês é que ficam me oferecendo material para escrever. O que posso fazer?

 

Uma amiga — aquela do dentista que beijou no consultório— achou por bem me mandar uma série de mensagens e fotos. Já sorri pensando que eram nudes, mas, para minha surpresa, era uma sequência de prints da conversa com o dentista dela.

 

Entre elogios à arcada dentária dela, o doutor, tomado pelo tesão, disse que ela era tão gostosa que ele ficou de pau duro e que, se ela tivesse local, ele “iria lhe comer gostoso”.

 

Sim, ele usou pronome pessoal “lhe”. Um tarado, é verdade, mas educado e respeitoso. Não usa o pronome tu, talvez respeitando a liturgia entre paciente e doutor. Ou entre ele e uma mulher casada. Um cavalheiro, de fato. Mas, na verdade, é um ignorante, porque o verbo comer é transitivo direto e não pede preposição. Lhe é pronome oblíquo de terceira pessoa, usado como objeto indireto. O certo seria “quero comê-la gostoso” ou, se quiser manter o tom casual, “quero te comer”.

 

Mas ele é dentista, não escritor ou gramático, né? E todo mundo sabe que, pra se formar médico, não precisa estudar muito além do vestibular.

 

Se eu fosse mulher, já teria perdido o tesão. Primeiro porque a gramática do sexo não exige esse tipo de educação, ela é coloquial, arde, pulsa. Sexo é linguagem. Segundo, pela ignorância mesmo.

 

Mas a verdade é que mais duro que o pau do doutô era a conta bancária dele, porque ele não tinha dinheiro para um motel. Ou melhor, para uma pousada, já que motel tem câmera e a pousada é mais reservada. Acho que está tendo pouca cárie e extração de siso, porque o doutor tá penando de dinheiro.

 

A vontade da minha amiga de sentir a broca do doutor era tanta que ela se ofereceu para pagar a pousada. Sim, uma professora, com filha e casada, com mais dinheiro que um doutor solteiro. E vocês ainda dizem que professor no Brasil ganha mal, hein?

 

Mas o doutô negou fogo. Ou foi cavalheiro e disse que não poderia aceitar. Além de saciá-la (sim, ele usou esse verbo — um gentleman), ele queria manter a honra. Até eu fiquei excitado pela linguagem sedutora dele. Estremeço em zonas erógenas só de imaginar meu canal tratado por ele. Deve ser um deleite. Hmmm, delícia!

 

Mas o tesão da minha amiga era demais pra broquinha do doutor, e ele recuou.

 

Ora, melhor do que transar é transar de graça, como já me aconteceu algumas vezes, inclusive este ano, com mulheres que oferecem, além de seus corpos, casa e comida. Quer dizer, eu como duas vezes — ou mais — na noite, tudo na faixa.

 

O prazer e o sexo não são lugar para discussões de classe, e sim para entendimento mútuo.

 

Fica aqui essa dica, igual às que o He-Man dava no final de cada episódio. Uma dica do He-Man pervertido de carnaval.

 

Dave le Dave.

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 04/03/2025
Alterado em 04/03/2025
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