× Capa Textos Áudios Fotos Perfil Livro de Visitas Contato
DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

CASO CELSO RUSSOMANNO: A Barba Desenhada

Um caso para Celso Russomanno na Patrulha do Consumidor ou, para os mais humildes, Bem Mendes. A história que narro é totalmente verdadeira, porque fui eu que a inventei do começo ao fim.

 

Ao entrar no barbeiro, me deparei com o anúncio: “Barba desenhada – R$ 15”. Ora, uma bagatela! Entrei no estabelecimento. Mas o que eu deveria pensar ao ler esse anúncio? Que o cara iria, sei lá, desenhar uma barba no meu rosto com canetinha. Talvez tatuar com henna, de modo que eu ficasse parecendo aqueles caras de barba bem feitinha. Mas não! O charlatão teve a audácia de dizer que eu precisava ter uma barba para ele modelar. Porra, então não é “barba desenhada”, fui enganado!

 

Aliás, esse conceito de “barba desenhada” já é, por si só, uma aberração. Tem algo de cômico e antiorgânico nessa ideia de moldar pelos faciais como se fosse feito com régua, como se a cara do sujeito fosse um caderno de geometria. Só perde para aqueles bigodinhos ridículos—estilo Hitler, Chaplin ou cobrador de ônibus—fininhos, que realmente parecem ter sido feitos com canetinha e não com pelos viris.

 

A barba tem que ter contornos naturais, orgânicos, e não essa frescura de parecer que foi esculpida por um arquiteto. Que coisa de viado! (Nada contra, inclusive tenho amigos que são—esse argumento nunca falha). Mas calma, também não estou defendendo a barba desgrenhada, estilo urso das montanhas. Algumas barbas longas, como a do James Harden, são bem cuidadas, simétricas e passam um ar viril, mas sem perder a naturalidade. Não essa palhaçada de “barba desenhada”.

 

O papel do barbeiro é dar esse ar de naturalidade, cuidar bem da barba, passar pós-barba, hidratante… Isso não é “coisa de viado”, é questão de higiene, respeito consigo mesmo e com os outros. Mas eu, pessoalmente, evito barbeiros. Primeiro, porque não quero gastar; segundo, porque a maioria não sabe dar esse toque natural. Sempre querem passar a régua e deixar meu bigode grosso—o homem do bigode grosso—fininho e ridículo. Prefiro fazer em casa, mas como só dá pra me ver pelo espelho, às vezes fica meio torto. Fazer a barba é um desafio, viu. Prefiro um desalinhamento natural a essa perfeição artificial de barba de Photoshop.

 

Na clínica de reabilitação, meus companheiros faziam minha barba, e nunca ela esteve tão bem feita. Um deles acertava exatamente como eu gostava: só aparava e tirava os excessos, mantendo a naturalidade. Se pudesse, pagaria pra ele fazer minha barba sempre. Na clínica, eu conseguia isso porque retribuía com itens da cantina—guloseimas e outras delícias, que ali eram como barras de ouro do Silvio Santos. Eu trocava e saía na vantagem. Enquanto os trouxas ficavam na fila do espelho, eu tinha meu personal barbeiro. As inimiga ficavam atacadas!

 

Afinal, a barba é a maquiagem do homem. Às vezes, penso que o ideal seria arrumar uma namorada com boa mão e bom gosto, só pra corrigir minha barba e deixá-la retinha.

 

E, de vez em quando, me chupar também.

 

Brincadeira. Eu sou romântico. Rs. Mas o lance da barba é verdade.

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 28/02/2025
Comentários