× Capa Textos Áudios Fotos Perfil Livro de Visitas Contato
DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

Quantas Leituras Vale Este Texto?

 

Quer pagar quanto?” Você deve se lembrar desse slogan das Casas Bahia. A remuneração do escritor diletante, que publica amadoramente seus textos, é o número de leituras—quiçá a transformação que ele provoca. Se, de alguma forma, através do meu discurso textual, eu fizer com que o mundo se torne mais parecido comigo, com a forma como enxergo a realidade, isso já é uma recompensa.

 

É a vontade de potência se manifestando—o desejo de ver parte de si em tudo o que existe, de incorporar-se às coisas. Aprendi com essa ideia de que não há ação desinteressada, nem mesmo aquelas revestidas de caridade ou altruísmo. Afinal, ao fazer o bem, alguém não se reconhece como uma pessoa boa? Em uma sociedade cristã como a nossa, existe algo mais recompensador do que isso?

 

Escrever sem ser lido é um solilóquio vazio, um exercício sem sentido. As palavras são vaidosas, gostam de exibir-se. Sua natureza é feminina: querem revelar sua beleza em público, não definhar em um caderno fechado, empoeirado, sem ninguém como espectador.

 

A Beleza Como Pensamento

Thomas Mann já dizia que a beleza é uma forma de pensamento. Pensar bem é pensar belamente; ser belo é pensar bem. Da beleza, resulta agir bem—agir belamente. Escrever belamente, por sua vez, é um exercício de criatividade.

 

Mas a escrita, mesmo quando não é bela, ainda é um ato criativo. Criamos uma ideia em um espaço vazio, onde antes não existia nada. Ao redigir um texto, damos forma ao pensamento—e o pensamento é feito de palavras, de linguagem. Por isso, um sujeito de parco vocabulário e repertório dificilmente conseguirá articular uma boa ideia, uma ideia nova ou original. Afinal, a matéria-prima da criação é o pensamento, e o pensamento se constrói com palavras.

 

Mais rara ainda é a capacidade de organizar as palavras de modo único, original—de criar beleza através da linguagem. Isso, sim, é um ato de pura criatividade. É o ofício dos poetas, essa estirpe tão amada e, ao mesmo tempo, tão pouco remunerada, seja em dinheiro ou leituras—como já sugeria a ideia central deste texto.

 

Quanto vale uma ideia bonita?

Qual o valor da beleza da linguagem? Qual o preço do encantamento de um pensamento? Do fervor e da originalidade de uma ideia?

 

O Valor da Beleza Feminina

Sou extremamente suscetível à beleza. A beleza é feminina—não apenas a palavra, um substantivo feminino, mas também a essência do conceito. Talvez por isso eu goste tanto das mulheres e seja tão sensível ao que elas inspiram. E aquelas que unem a qualidade de serem belas à capacidade de produzir beleza com a linguagem, então… nem se fala.

 

Minha criptonita é a literatura—um fetiche intelectual, um fetiche em forma de palavra. Por isso gosto tanto de Clarice. O estilo de Clarice me seduz, me excita.

 

A Arte de Produzir o Belo

Se a beleza é feminina, para produzir o belo precisamos exercitar nosso lado feminino, nosso lado andrógino. Como disse Picasso, todo artista, para ser artista, deve ser ou pensar como uma mulher. E eu tenho um olhar feminino apurado—para a beleza, para a estética, para a moda, para o superficial, para o detalhe, para a roupa.

 

A Sensualidade e o Erotismo

Mas não sou homossexual, tampouco um “homem-sexual”! Sou um homem que preza a sensualidade e o erotismo antes da sexualidade explícita, que sempre me pareceu um tanto vulgar. Daí resulta minha outra criptonita fetichista: o modelo de lingerie thong, a sensualidade e o erotismo que desperta — em mulheres, que fique claro!

 

Mulher pode usar cueca, mas homem usar underwear feminina? Para mim, caso de camisa de força e focinheira. Guardar a peça como recordação e memória, vá lá. Um amigo uma vez rasgou a calcinha de uma menina à força e ficou com ela de lembrança. Acho válido o prêmio pelo esforço físico, rs.

 

A Fetichização e a Beleza do Erótico

Mas perdi o fio da meada do texto? Ou não? O erótico não é belo? A fetichização da lingerie instigante e de Clarice não evocam o feminino e a beleza?

 

E, afinal, qual o valor da beleza? Qual o valor de um texto que se perde em digressões? Quantas leituras ele merece?

 

Quer Pagar Quanto Por Ele?

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 19/02/2025
Comentários