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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

O CAPITAL CHAMADO SEXO, O SEXUAL E DO PRAZER

 

A Beleza Como Passaporte Social

A mãe natureza não distribui seus dons com justiça. Há aqueles que parecem concentrar em si todas as graças: são belos, inteligentes, desejáveis e, ainda por cima, bem-sucedidos. Como Sheila Magalhães ou Gabriela Prioli.

 

Roubo essa ideia de um livro que nunca li, de uma autora do Recanto, sem pedir permissão. Ideias boas a gente copia, se apropria e melhora.

 

O conceito por trás do capital sexual — e do sexo em si — sugere que a beleza não é apenas um dom, mas um passaporte social. Os mais atraentes colhem vantagens nítidas: conseguem cargos melhores, são promovidos com mais facilidade ou ascendem socialmente por meio de suas parceiras, usando sua aparência como um alicerce. Algo como Julien Sorel em O Vermelho e o Negro, de Stendhal.

 

Pejorativamente, fala-se da mulher desejável que sobe rápido na empresa: “Deve estar dando para o chefe.” Em alguns casos, a máxima se confirma. Mas a questão vai além do clichê. A beleza, a inteligência e a forma física são armas da genética, artimanhas evolutivas para garantir a continuidade da espécie. A mulher, ao escolher um parceiro, busca traços que assegurem filhos mais fortes, uma prole melhor adaptada à sobrevivência.

 

O desejo e o amor, nesse jogo, surgem como mecanismos biológicos. Atração e afeto operam como um combustível — e, ao mesmo tempo, uma armadilha. Se o desejo puro levaria ao caos poligâmico, o amor impõe uma trégua, uma ilusão necessária, uma cola que mantém os pares unidos tempo suficiente para perpetuar a espécie.

 

O Olhar Que Captura a Beleza

Embora digam que a beleza é subjetiva, há algo nela que escapa ao mero gosto individual. Existe um ideal, uma harmonia quase matemática que agrada aos sentidos — a simetria dos traços, o equilíbrio das formas, a suavidade que acalma o olhar do observador.

 

Em Fedro, Platão, pela voz de Sócrates, nos apresenta a metáfora da carruagem alada e nos lembra que a beleza é uma das poucas Ideias que ainda podemos perceber neste mundo sensível. Entre todas as manifestações do divino, ela é a mais acessível, a que melhor desperta a alma para a verdade. Contemplar o belo, nesse sentido, é experimentar um vislumbre da eternidade, um apaziguamento interior, uma elevação silenciosa.

 

O que me fascina na beleza não é apenas a cor da pele ou a estatura, mas a simetria do rosto, a harmonia dos contornos — algo que se revela tanto em brancos, morenos quanto em negros. No corpo, a estética se impõe, mas é o rosto que me captura primeiro. Há algo na beleza colegial, em sua aura efêmera, que provoca um rubor involuntário, um arrepio entre a admiração e o desassossego.

 

Esta beleza feminina que floresce chama minha atenção de maneira especial, pois traz consigo um rubor no rosto que mistura uma sensação de puerilidade com uma chama que deseja arder por dentro e por fora, comovendo e incendiando ao mesmo tempo a visão que a observa.

 

Uma das belezas mais cativantes que vi até hoje foi uma garota dessa idade que desceu da perua escolar. Ela mora perto de mim, e a tia da perua até exclamou: “Que mulherão!” Nisso, eu a observei detalhadamente e confirmei essa impressão. Para minha surpresa, nossos olhares se encontraram por um instante, e ela deu um breve sorriso.

 

Ela entrou para casa, e nunca mais a vi. Talvez hoje ela já esteja em uma idade em que possamos nos relacionar sem medo.

 

A Estética dos Corpos e a Magia das Imperfeições

A academia é um palco curioso para observar os diversos biotipos. Corpos esculpidos, músculos tensionados — mas nem toda forma atlética é sinônimo de beleza. Alguns parecem apenas um acúmulo desordenado de massa, uma anatomia exagerada que se afasta da harmonia, evocando mais um freak show do que uma escultura clássica.

 

Em mulheres, nunca me atraiu o físico excessivamente definido, rígido, esculpido ao extremo. Prefiro a leve imperfeição, a sutileza das formas que carregam vestígios do comum, do cotidiano. Há charme naquilo que não é perfeito, um erotismo que nasce justamente da naturalidade.

 

É mágico quando uma mulher — que poderia ser sua vizinha, sua namorada, sua amante — revela um lado inesperado do prazer, um segredo íntimo que transforma o ordinário em extraordinário.

 

O Jogo das Nuances e os Papéis do Desejo

O desejo, afinal, é um jogo de nuances. Entre os homens, quando alguém subitamente conquista uma mulher bela e sensual, surgem insinuações jocosas: dizem que ele tomou um pussylock ou um pussy’s tea. O significado chulo não ouso traduzir, para não ofender minhas leitoras recatadas.

 

Curioso como a mulher bela, mesmo ignorante, é muitas vezes tolerada como parceira, desde que saiba incendiar os lençóis. Já o homem, se tiver apenas a beleza e a destreza na cama, mas for vazio de conteúdo, dificilmente irá além do papel de um simples amante.

 

O desejo pode abrir portas, mas é a profundidade que mantém um corpo presente quando a febre da paixão se dissipa.

 

A Cama Como Território de Trégua

A cama não deve ser um campo de batalha onde se discutem diferenças de classe, nem um tribunal onde se julgam ressentimentos. Deve ser território de entrega, um altar de reconciliação, um pacto silencioso onde as intrigas se dissolvem sob o peso do desejo.

 

Curioso como algumas mulheres aceitam ter amantes e, ainda assim, prosseguem com seus namorados ou maridos, equilibrando-se nesse jogo de conveniências. Mas, se o amante ousa gostar ou se relacionar com outra, muitas viram o rosto, ofendidas. Seria medo de perder o controle? Orgulho ferido?

 

O desejo exige direitos iguais. Se há espaço para o segredo, que ele seja mútuo. Se há liberdade, que ela se estenda a ambos. Pois o prazer, quando verdadeiramente livre, não admite correntes de um só lado.

 

Os Capitais do Sexo e o Medo da Escolha

Se até para alguém educado, instruído, elegante, charmoso, que cuida do corpo, sexy, bom de cama (?), com uma aparência invulgar — distante de ser considerado feio —, como eu, encontrar uma namorada é difícil, imagina para o resto.

 

Ou talvez, para os outros, seja fácil justamente pela ausência de critérios, pela ousadia desmedida ou pela escolha inconsciente de parceiros ordinários em vez dos raros.

 

Talvez seja medo — o receio de perder algo valioso faz com que muitos se contentem com o previsível, sem reconhecer o real valor da troca de afetos, dos capitais sexuais, do prazer e do próprio sexo.

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 18/02/2025
Alterado em 18/02/2025
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