Meu amigo do ménage costuma dizer que usava drogas apenas como pretexto para entregar-se à luxúria. No meu caso, era o contrário—eram as drogas que me faziam mergulhar nesse universo, porque, sóbrio, meu estado de espírito sempre foi carinhoso, doce, gentil e amoroso. Mas que uma safadeza é deliciosa, isso é inegável. Sempre gostei, ah, isso sim. A putcharia, no entanto, está um grau acima da safadeza e um abaixo da orgia—que, ao meu ver, é a luxúria elevada ao caos.
Sempre preferi o sexo onde sou o único homem presente, no máximo com duas mulheres. A ideia de um bacanal nunca me atraiu. Mas, sob a influência de Baco e Dionísio, embalado pelo prazer dos entorpecentes, já tive meus momentos de completa insanidade. Alguns dos quais relato aqui, como quem se confessa diante de um padre, sem culpa, apenas com a verdade crua dos sentidos.
Dizem que a prostituição é a profissão mais antiga do mundo. Pondé, sempre provocador, gostava de dizer que, na verdade, é a vocação mais antiga do mundo—como se insinuasse que toda mulher, em sua essência, tem vocação para o prazer. Ele quem disse, não eu. Mas pela minha experiência, sei que, quando certos sentidos são despertados, qualquer uma—até a mais santa—pode, no êxtase do momento, entregar-se como se fosse uma meretriz para aquele em quem confia e deseja.
Sim, eu já fui assíduo frequentador de bordéis. Não me orgulho, tampouco me envergonho. Quando eu tinha muito dinheiro, na época de empresário e venda da empresa, minha amiga dizia que não deveria haver “puta pobre” em São Paulo por minha causa, e de certa forma, ela tem razão. Mas eu tenho boas experiências com profissionais do sexo, de diferentes níveis de escolaridade e preço, acompanhantes de luxo que vão até seu hotel e inferninhos baratos e intermediários. Invertendo a lógica de que alguns homens vão para conversar, eu fui mais psicólogo de prostitutas e escutei suas conversas do que o contrário. Mas nunca beijei uma na boca, mesmo passando a noite inteira. Como diz a música do Hermes e Renato, “boca de puta é gaveta de piroca”. Uma outra disse que iria escovar os dentes só para me dar uns beijos; nem cheguei perto da boca dela. Pela minha boa aparência e asseio, como homem depilado e bem vestido, muitas quebram o protocolo e me chupam sem camisinha, mas nunca penetrei uma sem preservativo. Já tive boas conversas, andei de metrô com uma e fui à biqueira; passamos a noite do hotel fazendo loucuras e consumindo drogas, desvairadamente.
Uma outra, eu estava com o coração acelerado por ter usado o ritmo intenso da transa e meu mal preparo físico. Ela estava estudando para ser bombeira, mediu meu batimento através do pulso, ensinou uma técnica de relaxamento que jamais esqueci, e me tranquilizei imediatamente. Eu compartilhei com ela que já fui da brigada de incêndio e meu treinamento foi em um lugar super legal que ela conhecia no interior de São Paulo quando eu era menor aprendiz. Nela, escutei histórias tristes e conheci garotas que dariam até para namorar, incríveis, que deixaram de atender outros clientes e ganhar dinheiro para ficar trocando ideia e bebendo comigo (e cheirando). Diversas carreiras eu cheirei no peito ou nas genitais das prostitutas. Incrivelmente, nesse mundo da prostituição, a maioria é usuária de drogas. Mas nem toda a experiência é agradável; uma quis, porque quis, me dar tapas na cara. Sem força, é verdade, mas eu não gostei e me irritei. Ela queria que eu começasse de ladinho. Aí nós discutimos; eu falei que não podia esperar menos de alguém que fumava Derby. Ela pegou meu relógio e não queria devolver, e eu tive que chamar a gerente. Ah, também já comi a gerente que nem fazia programa, mas me achou bonito e fez uma exceção para mim. Pagando e não pagando, eu não sei contar quantas minas eu já transei, mas no final não vale de nada porque não há amor. Acho que o grande desafio é ficar com a mesma mulher e sentir o mesmo tesão; quando transo uma segunda vez com a mesma, já não é a mesma coisa que a primeira. Imagina comer sempre, exclusivamente. É um grande desafio. Por isso, só me vejo me relacionando seriamente com alguém que amo.
Em minhas loucuras, já fui até a farmácia da esquina, em busca da famosa tadalafila, na esperança de proporcionar uma noite inesquecível para minha parceira. E, de fato, funciona — e mais do que para mim, é para ela. Comprei também um pacote de camisinhas extra grandes, apenas para fazer um charme, embora eu saiba que a camisinha apertada, às vezes, incomode. A atendente, percebendo meu jogo, disse, com um sorriso sutil, que o que importa é o prazer. Ela me revelou que, apesar de ir à igreja, as pessoas a consideravam santa, mas que não era bem assim. E ficou tão interessada que perguntou onde eu morava, trocamos números de telefone, e o resto… bem, o resto se transformou em uma história que ficou marcada.
No fim, eu queria deixar tudo isso para trás, apagar as memórias dessas aventuras efêmeras e viver um amor verdadeiro. Quero mais do que apenas putcharia agora, quero isso só com a pessoa que amo — com respeito, compromisso, mas sem abrir mão da safadeza, é claro. Porque a safadeza é parte do tempero, do desejo, da atração, e, sem dúvida, algo bom para a saúde de um relacionamento. Afinal, sou carinhosamente safado, e isso é o que sou!