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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

QUEM AMA NÃO TRAI

 

O Anime que Marcou Minha Pré-Adolescência

Na minha pré-adolescência, eu costumava assistir ao anime Tenchi Muyo! antes do Dragon Ball Z começar. Diferente da violência do anime de Akira Toriyama, Tenchi Muyo! era mais voltado para o romance e os relacionamentos, e eu e os marmanjos da minha turma adorávamos. Era algo semelhante a quando passava o anime Sailor Moon, que era mais voltado para meninas colegiais fofinhas, antes de Cavaleiros do Zodíaco. Todo mundo negava que gostava de Sailor Moon, mas ficava ligando a TV muito antes de começar para assistir, especialmente para ver ela beijando o Tuxedo Mask (ou Gala Mascarado), um personagem que representava seu amor e arrancava suspiros de todos.

 

A Trama de Tenchi Muyo! e Suas Lições

A história de Tenchi Muyo! gira em torno de Tenchi Masaki, um jovem aparentemente comum que se vê envolvido em uma série de eventos extraordinários após o encontro com várias mulheres extraterrestres. Essas mulheres, cada uma com uma personalidade distinta, acabam se apaixonando por ele. As duas personagens principais que se destacam em sua paixão por Tenchi são Ryoko, uma pirata espacial de temperamento explosivo, e Aeka, a princesa de um planeta distante e mais reservada, mas igualmente apaixonada por ele. A trama mistura comédia, ação e romance, enquanto Tenchi tenta lidar com as confusões causadas por essas mulheres e suas origens misteriosas.

 

A Canção de Abertura e Seu Significado

O anime também se destaca pela música de abertura, que é muito marcante e fica na minha cabeça até hoje. A cada episódio do anime, que começa com a icônica máxima “Sem necessidade de…”, passa uma mensagem importante que sempre ressoou comigo. Frases como “Sem necessidade de amar”, “Sem necessidade de ir para o espaço” e, ao fazer uma alusão a esse texto, “Sem necessidade de trair”, são poderosas. Elas refletem um princípio de que, para amar de verdade, não há necessidade de enganar ou trair.

 

Abaixo, compartilho a marcante abertura com a icônica letra, que, para mim, sempre foi um símbolo dessa ideia.

 

ABERTURA TENCHI MUYO: https://youtu.be/4ur0C5KFs80?si=qugzpx4Euf9i-hsQ

 

Nasci Pra Te Amar

Tenchi Muyo

 

A vida é tão curta e tão confusa

E ela passa sem se sentir

 

Os dias são horas, horas minutos

O tempo é curto

Vamos curtir o amor

É infinito, o amor é tão bonito

Vamos viver cada viver

Viver o amor

 

Me abrace, me beije

O tempo não pára

A felicidade se vive agora

 

Me abrace, me beije

O tempo não pára

A felicidade se vive agora, já

É pra já

Vou te amar pra sempre e não vou mais esperar

 

Nasci pra te amar

 

A História de Amor e Suas Reflexões

Eu me deparei com o perfil de uma garota da Romênia, de uma beleza cativante, cuja história se entrelaça de maneira impressionante com a minha. Até mesmo o nome dela, a sua aparência, e o nome do amante que ela descreve, são como reflexos de uma história que parece ser minha. E as palavras que ela compartilha são aquelas que eu desejaria ouvir da boca de quem espero.

 

Sua capacidade de extrair o melhor das pessoas, de enxergar além dos nossos defeitos, de reconhecer em seu amante uma alma sensível, carinhosa, amorosa, e com ideais que se alinham aos seus , me tocou profundamente. E, apesar dos erros que ele possa ter, consegui perceber o essencial que se esconde à vista desarmada – o que é invisível aos olhos. Ela vê o que é profundo, o que é genuíno, e o que, muitas vezes, é esquecido ou ignorado. O que realmente importa.

 

O Brilho da Alma e os Desafios do Amor

Porém, o que mais encanta a ela, em relação a ele, é a pureza do seu coração, o brilho da sua alma que se reflete em tudo o que ele faz. Ele é, para ela, um reflexo de tudo o que é belo e verdadeiro. Sua luz interna, tão clara e verdadeira, torna tudo ao seu redor mais belo e profundo.

 

Porém, ela reconhece os desafios e obstáculos. E eu também me enxergo nisso. Não obstante, apesar de me reconhecer na história, não me reconheço no amor que não encontra em seu âmago a coragem para enfrentar os desafios juntos. Sei que estou longe de ser o homem perfeito, ideal, mas uma amiga me revelou que não está fácil ser homem hoje em dia, que eles são insensíveis, bruscos e vulgares, que é difícil achar um homem que seja o mínimo, o básico. Então, se ela enxerga essas qualidades em mim, eu não vejo por que ela está disposta a declarar explicitamente seu amor; não sei por que não tem a coragem de vivê-lo comigo, a não ser pela máscara de um pseudônimo e do anonimato. Embora só o fato de me sentir amado e perto dela faça com que eu não sinta vontade de procurar mais ninguém, porque quem ama não trai. Mas quem ama deseja a pessoa, além de espiritualmente, fisicamente. E é normal termos que lidar com o desejo erótico e sexual e procurar satisfazê-lo. Como lidar com isso na ausência da pessoa amada? Se ela estivesse presente, seria um prazer ser fiel só a ela. Eu sei que, para ela, mais importante do que o desejo físico é nosso envolvimento espiritual, mas se talvez ela tivesse o prazer de me ver nu e observar meu esplendor físico e a rigidez e enrijecimento do meu órgão sexual, exuberante, protuberante e viril, só de pensar na imagem dela, no desejo que sinto por ela devido ao amor que sinto e na atração sentimental e sexual que ela me evoca, talvez gerasse nela uma sensação de imediatismo de estarmos juntos que nem ela mesma imagina que tem. Eu sou carinho, porém amo/sou (lembram desse meme?) safadeza também. E tem safadeza melhor do que com a pessoa que amamos? O prazer de estar ao lado dela, ouvi-la gemer, fazê-la gozar, talvez arrancar obscenidades na hora do êxtase, no momento da intimidade, que ela só permita compartilhar comigo e com mais ninguém, símbolo incontestável do nosso amor! E quando há essa reciprocidade de afetos, de compromisso mútuo, prazer compartilhado, de ceder e se entregar sem que ninguém obrigue a ninguém a fazer nada que não queira, pelo contrário, por puro prazer e fantasia, é mágico e não há necessidade de pular a cerca ou de procurar mais ninguém.

 

O Amor e a História de Pasífae

Por último, quero compartilhar um trecho que me lembra a história da rainha Pasífae, “que se apaixonou pela pessoa errada. Ninguém sabe como estou sofrendo”, ela parece dizer, após se ver enredada por um encantamento que a fez se apaixonar por um touro branco, mesmo sendo casada com o rei Minos de Creta.

 

“Aconteceu que, no fundo dos vales sombreados do Ida coberto de florestas, vivia um touro branco, orgulho da manada. Sua fronte era marcada com um pequeno ponto negro entre os chifres; ele só tinha esta mancha; todo o resto do corpo tinha a brancura do leite. As novilhas de Gnosso e da Cidônia cobiçavam senti-lo sobre suas costas. Pasífae ardia para ser sua amante; ciumenta, ela odiava as belas novilhas. O fato que eu canto é verídico; não, por mais mentirosa que seja, a terra com cem cidades, Creta não pode negá-lo. Pasífae, digamos, com mão inábil, cortava ela mesma as folhagens novas e as ervas bem tenras para o touro. Ela acompanha o rebanho, e, para acompanhá-lo, ela não pensa mais em seu marido: acima de Minos, um touro a conquistou. Por que, Pasífae, vestir essas roupas magníficas? Aquele a quem você ama é insensível à sua riqueza. Por que este espelho, quando você vai encontrar o rebanho nas montanhas? Por que tantas vezes arrumar seus cabelos? Que loucura! Creia em seu espelho, mesmo quando ele lhe diz que você não é uma novilha. Como você queria ver crescer cornos em sua fronte! Se você ama Minos, não procure nenhum amante, ou, se você quer enganar seu esposo, engane-o com um homem. Através dos bosques e das pastagens, a rainha, abandonando seu leito, vai, semelhante à Bacante impelida pelo deus Aônio. Ah! Quantas vezes ela atirou sobre uma vaca olhares ciumentos e disse: “Porque essa aí agrada àquele que possui meu coração? Olhe como ela pula diante dele sobre a erva tenra! E a tola crê sem dúvida que isto lhe pertence”. Disse e, na mesma hora, ordenou que ela fosse retirada da imensa manada, e que a inocente fosse arrastada sob a canga curva; então a fez tombar diante dos altares num sacrifício impiedoso, e, cheia de alegria, segurou nas mãos as entranhas de sua rival. Todas as vezes em que ela se congraçou com a divindade, imolando suas rivais, ela disse, segurando suas entranhas: “Vá agora agradar meu bem-amado”, e pediu com insistência para ser transformada ou em Europa, ou em 1o; numa porque era novilha, noutra por que um touro a levou sobre as costas. Entretanto, o chefe do rebanho, enganado pela imagem de uma vaca de madeira, a engravidou, e o fruto que ela deu à luz – o Minotauro – revelou o pai.

 

A Reflexão sobre o Desejo e a Traição

Essa passagem ilustra uma verdade profunda: podemos ter tudo o que desejamos, mas, quando algo nos falta ou vemos um objeto de desejo que nos seduz, nossa dignidade, nosso lugar como mulher fiel, pode ser desafiado. Traímos a confiança e nossa própria essência por um momento fugaz de prazer, mesmo que seja com alguém ou algo improvável — um touro, por exemplo. Algo que nos promete uma experiência inesquecível de prazer que, em teoria, não encontraríamos com nosso parceiro. Esse desejo, muitas vezes, está no raro, no cobiçado, no que pertence a outros e é desejado por outras. O touro, com sua imensa força e beleza, era admirado pelas novilhas, mas, ao mesmo tempo, mostrava que quem não é da mesma “raça”, da mesma classe, talvez nunca o tenha.

 

É a mesma questão de pessoas que se relacionam apenas com alguém de sua mesma classe social, como médicos, por exemplo, preferindo isso ao risco de viver um amor verdadeiro, com um homem completo.

 

O Amor Verdadeiro e a Fidelidade

Quando escolhemos esse caminho, nos distanciamos de uma relação verdadeira e respeitosa, onde o outro é visto não apenas como um amante ou um parceiro, mas como a parte que nos falta, alguém digno de ser tratado com respeito, cuidado, e valor. Alguém que é, ao mesmo tempo, nosso companheiro de vida, amante e melhor amigo.

 

Mas quando há amor verdadeiro, não é necessário procurar em outros lugares, porque o maior prazer é propiciar o gozo, e talvez até gozar juntos, com quem realmente amamos. O prazer está no vínculo profundo, não na busca constante pelo efêmero.

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 15/02/2025
Alterado em 15/02/2025
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