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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

A INDIFERENÇA DÓI MAIS Que a REJEIÇÃO

Eu já conheci a rejeição. É indescritível a dor de procurar a pessoa que ama para conversar e não encontrá-la. E pior, ser tratado como um criminoso, acossado e ameaçado com polícia e advogados, mesmo quando sua abordagem foi respeitosa. Isso é muito diferente da indiferença. Minhas ações causam impacto, e isso é inegável desde sempre. Eu aceito a rejeição de quem amo, mas a indiferença seria insuportável. Se ela fosse indiferente a mim, aos meus escritos, se não demonstrasse interesse por mim, curiosidade em quem sou/estou, até mesmo não demostrasse desejos ocultos por mim… eu não suportaria.

 

Desde sempre, minha presença não passou indiferente. Sempre fui diferente, autêntico, original. Esse é um texto de nostalgia, mas talvez as fotos que eu compartilhe distanciem os meus afetos ou surpreendam. Talvez mostrem que o tempo me favoreceu ou acusem minha mãe de negligência por não cuidar de mim direito e eu ter ficado subnutrido. A verdade, meus caros, é que muito antes de me destacar pelas habilidades intelectuais, eu era uma promessa do futebol. Todos diziam que, se não fosse pela minha indisciplina, eu teria me tornado um jogador profissional, talvez até um Neymar. Jogaríamos na mesma época, pois somos da mesma idade. Eu também era ponta-esquerda; quem sabe ele até fosse meu reserva. Eu era franzino, mas arisco, e gostava de driblar. Habilidoso, brilhava com as duas pernas. Jogava contra garotos maiores, e os treinadores adversários falavam que eu era pequenino, mas dava trabalho. Eu não chutava muito forte e não era muito artilheiro, mas tinha que treinar mais. E quando o treinador me disse que eu precisava ser mais disciplinado para ser profissional, sabe o que eu fiz? Desisti do futebol.

 

Abaixo, compartilho imagens do jovem “Neymar”, como me chamavam (Na verdade, ele nem existia na época). Dá para ver pela picadilha e pelo porte que eu devia bater uma bola redonda, né?

 


 

 

Por ser franzino, me colocavam para jogar na categoria abaixo da minha idade, e ninguém desconfiava disso. ( A resolução da foto permitida num tamanho viável ao Recanto distorceu toda a imagem)

 

Outra foto me mostra mais fofinho, com os olhos abertos, mas evidenciando minha estatura menor em comparação com as outras crianças. Na foto, fui escolhido por ser o mais bem arrumado. Desde cedo, sempre fui uma pessoa com estilo.

 

 

Mas, apesar de tudo, nem sempre fui afeito à leitura. Eu era mais da balbúrdia, e minha autenticidade se expressava no bom humor. Não posso dizer que eu já tinha elegância na época, mas tinha estilo próprio e criava tendências. Por exemplo, em 2002, pintei meu cabelo de loiro inspirado por um jogador de futebol de Senegal, El-Hadji Diouf, na Copa do Mundo, quando o Brasil foi campeão. Achei maneiro e comecei a descolorir meu cabelo com água oxigenada. Quando minha mãe viu, não teve escolha senão me levar ao salão para descolorir profissionalmente. O resultado ficou muito bom e, sendo sincero, eu sou muito mais bonito do que o Belo e o Rodriguinho, e o resultado final ficou bem melhor. Sucesso absoluto.

 

Na quinta série, comprei um tênis com sola laranja e decidi usar cadarços laranja, que brilhavam. O pessoal da oitava série, o último ano, começou a me copiar, tanto nos cadarços quanto no cabelo descolorido.

 

Como era franzino, eu me destacava, parecia fofinho, quase um Tamagotchi. Não tenho fotos dessa época exatas, mas meu cabelo era maior, e eu relaxava para cacheá-lo. Algumas meninas preferiam o cabelo natural e curto, outras, mais cacheado. O fato é que eu visitava meus colegas que moravam na mesma rua, que estavam no último ano, e as meninas da turma dele me achavam o máximo. Eles queriam me usar para tentar pegar as meninas. No intervalo, ficava rodeado de umas quatro meninas, perguntando se eu estudava direitinho, me achavam fofinho e me davam selinhos. Um colega, mais velho, que andava comigo ficava todo constrangido de lado. Isso aconteceu em duas turmas diferentes de amigos. Também havia uma terceira turma, onde as meninas me provocavam, mas também tentavam roubar minhas balas. Eram muito bonitas, com corpos esculturais. Nessa época, parecia que as meninas eram muito mais desenvolvidas. Minha mãe dizia que na minha sala só tinha “cavalona”. Uma vez, uma dessas meninas me perguntou na quinta série qual era a cor do meu pênis. JU-RO. Ela tinha curiosidade de saber se era escuro ou claro. Fiquei sem palavras e respondi que era mais claro que minha pele porque não tomava sol. Essas meninas eram safadinhas, né?

 

Eu era da balbúrdia, vivia tomando advertência, falsificando a assinatura dos meus pais e só me interessava por uma ou outra matéria. Mas sempre gostei de ler revistas, jornais e livros infantojuvenis. Depois, meu gosto se sofisticou, e fui me tornando quem sou hoje.

 

A transição de “David diferentão” para “David elegante” aconteceu quando comecei a trabalhar como menor aprendiz em uma multinacional, aos 16 anos. Nessa época, eu usava roupas sociais ou casuais chiques. A partir daí, passei a comprar roupas nesse estilo e nunca mais abandonei esse visual. Claro, às vezes uso roupas de time de futebol, que não estão no topo da moda, mas é para dar uma diferenciada e destacar um hobby.

 

Enfim, esse é um texto-memória, um relato nostálgico. O tempo me favoreceu ou me prejudicou?

 

 

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 25/01/2025
Alterado em 25/01/2025
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