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DAVE LE DAVE
SIM, ELE MESMO
Textos

MUITO PRAZER, DAVE LE DAVE!

Admito que não deve ser fácil amar alguém como eu: tão intenso, mas ao mesmo tempo carinhoso. Posso insuflar sentimentos, ser desejado por ser um dos cavalheiros em extinção e adepto da arte do elogio e do galanteio. Diante de algo belo – uma qualidade, uma característica que chame atenção ou atração, que desperte meu interesse ou mexa com meus instintos mais primitivos – algumas mulheres conseguem essa proeza.

 

Penso na bela professora, inteligente, espirituosa, bonita, com um olho que parece uma pedra preciosa de tanto brilho. Como ela assumiu seu lado “Engraçadinha”, bem-humorada e sensual,  devo dizer, que ela é GOSTOSA também! Embora, claro, não tenha cumprido a PROMESSA de nunca perdermos contato.

 

Na escola de maneiras que professo, o dandismo – estilo de vida que cultiva o belo em si mesmo, no modo de agir, nos objetos que se possui, como roupas e acessórios – o elogio nunca pode ser vulgar. A elegância no trato com as pessoas, especialmente com as mulheres, vem em primeiro lugar. Como pétalas de rosa, elas devem ser abordadas, como diz Leminski, com “mil e uma bolhas de sabão”.

 

As mais cobiçadas e bonitas, acostumadas a receber elogios, só se impressionam com algo autêntico e original, que identifique uma característica única e singular da essência delas, algo que as destaque no meio da multidão amorfa. É algo que só pode ser nosso à medida que identifico, como observador, o que as torna especiais. Cada pessoa possui sua beleza e virtude única. Cabe a quem olha encontrar e enaltecê-la.

 

Como diz Zaratustra: “Se você tem sua virtude, não a divida com ninguém, pois ela é sua.” Ter uma única virtude é melhor do que duas, pois mais virtudes sobrecarregam a alma.

 

Ainda assim, há espaço para a vulgaridade e a safadeza na intimidade, no momento da troca de intensidades afetivas. Existem situações em que só uma palavra exagerada, uma obscenidade ou vulgaridade é capaz de ilustrar o momento. Afinal, o prazer do sexo também é linguagem.

 

Sabe, meu amigo dessa crônica e eu fizemos um pacto. Depois das 6h, quando nossa colega de trabalho fechar o turno, se aparecer uma mulher bonita, vamos oferecer café – graças à minha máquina Nespresso, que levei para o trabalho para ajudar no sono (quem voltar a este texto na segunda-feira verá a foto dela). Somos educados, de boa aparência e acreditamos que o cheiro de um bom café pode ser irresistível. Se ela não quiser dois, consentimos em sair da sala aquele em que ela demonstrar menos interesse. É assim. Também, se pintar um rosto bonito que sorrir demais, Trocaremos mensagens pelo WhatsApp, inicialmente sobre assuntos relacionados ao serviço, mas, se ela demonstrar interesse em algo a mais, qual o problema? Estamos apenas fazendo nosso trabalho.

 

É assim, estou nessa fase. Como diz o saber popular, “enquanto a pessoa certa não aparece, divirto-me com as erradas.” Ou, parafraseando Leminski: “Não discuto com o destino. O que pintar, eu assino.” Ou melhor, “O que pintar, eu como!” (Desculpe a vulgaridade, mas a situação pedia esse exagero).

 

Curiosamente, até a colega casada, que vive me dizendo que estou com cara de apaixonado, tecendo elogios ao meu modo de vestir e insistindo que preciso de uma namorada, praticamente implorou que eu pegasse uma carona com ela e estava propensa a me deixa até em casa, bem longe da residência dela. Foi um dia de chuva forte em São Paulo, com alerta de catástrofe no celular. Ela insistiu tanto que quase aceitei, mas não o fiz. Afinal, ela sai uma hora antes de mim, e eu já estava cansado de aventuras. Além disso, ela não me atrai. Mas foi um fato inédito, já que ela nunca oferece carona ou revela onde mora para ninguém.

 

Do mesmo modo que meu amigo de trabalho me dá conselhos ruins, também me dá bons: “Diante dos problemas mais complexos, lide com a maior simplicidade possível.” Ele está certo. Às vezes, nós complicamos o que é simples.

 

E assim sou eu. Embora pareça complexo, cheio de nuances e “elevado” pela sofisticação intelectual, sou extremamente simples e banal. Convivo com pessoas de todos os tipos e atendo o público com simpatia, simplicidade e empatia.

 

Não se esqueçam: já fiquei internado com pessoas humildes, sem instrução, moradores de favelas e periferias – ambientes onde sempre vivi. Aprendi a transitar por diferentes mundos. Até com aquela mulher que relato na crônica “Uma Experiência Ruim na Internet” havia entendimento. Ela era sábia e inteligente, mas humilde.

 

Já estive com mulheres sofisticadas, mas a maioria era bem comum. E, em ambientes informais, escrevo como penso: sem pontuação, sem filtros. Só faço questão de escrever de forma impecável quando vejo que a pessoa compartilha o mesmo apreço pela língua portuguesa. A exceção também são documentos oficiais, publicações na internet, mesmo as menos sérias, qualquer coisa que seja pública, envolvendo mais pessoas. Aí, para mim, a violação da língua portuguesa constitui crime inafiançável.

 

Para encerrar, compartilho um dos trechos mais viscerais de “Os Irmãos Karamázov”, que reflete minha fase atual:

 

“Não está pedindo dinheiro, mas seja como for não vai receber um tostão de mim.

Eu, meu querido Alieksiêi

Fiódorovitch, tenho a intenção de viver o máximo que puder no mundo, saibam vocês disto, e por isso preciso de cada copeque, e quanto mais eu viver tanto mais esse copeque me será necessário. Por enquanto ainda sou um homem, apesar de tudo, tenho apenas cinquenta e cinco anos, mas ainda quero permanecer uns vinte no rol dos homens, porque vou enve-lhecer, ficar um trapo e elas não vão querer vir à minha casa de boa vontade, e é por isso que vou precisar de um dinheirinho. É por isso que venho juntando cada vez mais e mais só para mim, meu amável filho Alieksiêi Fiódoro-vitch, que fiquem vocês sabendo, porque quero viver até o fim em minha sujeira, fiquem vocês sa-bendo. Na imundice é que é mais doce: todos falam mal dela, mas nela todos vivem, só que às escondi-das, enquanto eu sou transparente. Pois foi por essa minha simplicidade que todos os sujos investiram contra mim. Já para o teu paraíso, Alieksiêi Fiódorovitch, não quero ir, fica tu sabendo, e para um homem direito é até indecente ir para o teu paraíso, se é que ele existe mesmo.

A meu ver, a pessoa dorme e não acorda mais, descobre que não existe nada; lembrem-se de mim se quiserem, e se não quiserem o diabo que os carre-gue. Eis minha filosofia.” -

Fiódor Pávlovitch Karamázou

DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo)
Enviado por DAVE LE DAVE II (Sim Ele Mesmo) em 25/01/2025
Alterado em 25/01/2025
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