Há um famoso meme atribuído a uma frase supostamente de autoria da Clarice Lispector que diz: “É estranho sentir saudades daquilo que nunca vivemos ou evitamos viver.”
E eu sinto saudades de você, a namorada que nunca foi minha de verdade. Mesmo assim, é inegável o efeito positivo que você tem na minha vida. Você é minha fonte de inspiração, minha motivação para escrever, minha “musa”. Da mesma forma que os poetas se referiam à poesia, é assim que eu me refiro a você: minha musa.
Imagino que o dia a dia ao seu lado seria algo incrivelmente prazeroso: estar na sua companhia, desfrutar do seu belo sorriso, da sua força de espírito, do seu jeito gentil e amoroso de ser. Ao mesmo tempo, admiro como você sabe ser ousada, como sabe inspirar meu desejo. Esse é o efeito que você tem sobre mim.
Mas sei que as coisas não são tão simples. Ainda sou um amor agridoce para você, e há muito que você ainda precisa absorver sobre mim — sobre o que contei nos últimos dias. Talvez você já soubesse ou imaginasse muita coisa, mas agora, com mais detalhes, deve ser mais difícil. Especialmente porque se trata de um sentimento verdadeiro, e eu acredito que o que você sente por mim o é. Se não fosse, você não estaria lendo isso agora.
Espero que você esteja lendo, aliás, talvez amanhã. Hoje já é madrugada. Ainda não dormi. Pulei o diazepam de hoje, os 5 mg diários que estou reduzindo aos poucos. Por enquanto, não sinto tanto a falta da medicação, apesar da insônia. Os dois comprimidos de quetiapina também não têm ajudado muito com o sono, e hoje tomei algumas boas doses de café. Estou desregulado. Mas até o fim da semana, vou me ajustar.
Na próxima semana, começarei na academia. Não pretendo ganhar massa muscular como da outra vez. Meu objetivo agora é apenas fazer cardio, melhorar o condicionamento físico e, talvez, tonificar um pouco os músculos. Quero adquirir uma aparência mais saudável e, principalmente, me livrar da gordura localizada na barriga, que já foi maior, mas que ainda me incomoda esteticamente.
Voltando ao amor… Sinto saudades suas, mesmo do que nunca vivemos juntos.
Mas eu devo respeitar seu tempo e seu espaço, sem invadir. Entender seu processo de assimilação, os limites e a distância que você quiser impor a nós, e respeitar sempre - seja como amizade, como estamos agora, ou como nada. O coração e as decisões de outra pessoa são algo que não podemos controlar. Temos controle apenas sobre nossas próprias ações, e é nesse aspecto que me concentro. A minha decisão atual é comunicar meu amor e minha dedicação, fazer tudo o possível para me aproximar de você. No entanto, se isso vai acontecer ou não, a decisão não passa só por mim.
Meu sobrinho anda repetindo incessantemente, com as poucas palavras que sabe, como o meu irmão expulsou o “Homem-Aranha” da festa porque ele (meu sobrinho) estava com medo. Para os olhos infantis dele, meu irmão é um super-herói mais poderoso do que o Homem-Aranha — não só por ter pedido, gentilmente, ao cara fantasiado que se retirasse, mas porque, na imaginação dele, foi com pontapés e bordoada que meu irmão o expulsou.
E inocentemente corajoso, assim como meu irmão protegeu o filho dele, eu protegeria você, a pessoa que amo. Faria o impossível para cuidar de você, para que nenhum jamais mal te alcance. Prometo, pela minha vida e pela dignidade que ainda me resta, que te resguardarei de qualquer sofrimento ou perigo.
Mas, se um dia você quiser se entregar ao pecado e ao prazer, eu estarei lá também, justamente para satisfazer todos os seus desejos.